A camisa pesou e o Atlético passou por cima da CAC/Portuguesa no 2.º tempo da partida de ontem, em Cambé, vencendo por 4 a 1. Com mais esse triunfo fora de casa, o Furacão conquistou sua sétima vitória em sete jogos e permanece invicto no Estadual, em busca da quebra de recordes. Apresentando um futebol distinto nos dois tempos, o Rubro-Negro teve nas alterações feitas por seu treinador Ney Franco a chave para a mudança de postura em campo e a conquista de mais três pontos. Com o resultado, o time da Baixada alcança o segundo melhor início de temporada em campeonatos estaduais, desde a lendária equipe de 1949 – o original Furacão, que venceu 11 partidas seguidas. O próximo compromisso é no sábado, contra o Adap Galo, na Arena da Baixada.
Se alguém pensava que o Atlético iria passear em Cambé enganou-se redondamente. O técnico Israel de Jesus armou sua equipe no esquema 3-5-2 e bateu de frente com o sistema atleticano. Devido às proporções menores do gramado, a marcação efetuada pela Portuguesa prevaleceu sobre o Rubro-Negro que não conseguiu armar jogadas e abusou das ligações diretas da defesa pro ataque, sempre neutralizadas.
O Atlético bem que tentou pressionar o adversário e nos seis primeiros minutos conquistou três escanteios. Mas foi só. Aos poucos, a Lusa encaixou a marcação e passou a explorar os erros de passe do Atlético para sair nos contra-ataques. A primeira boa chance do time da casa aconteceu aos 14 minutos. Após cruzamento de Igor, Vinícius espalmou para fora da área e Everton isolou. A dupla voltou a infernizar e três minutos depois anotou o gol. Novamente Igor, batedor oficial de bolas paradas da Portuguesa, voltou à carga e soltou sua pancada com o pé esquerdo. A bola quicou no gramado irregular e explodiu no peito de Vinícius. Na sobra, Everton completou para o fundo das redes. Com a vantagem no placar, a Lusa manteve-se fechada e o Rubro-Negro, desarticulado, só chegava nas jogadas de bola parada.
Virada
O intervalo fez bem para o Furacão e Ney Franco mostrou que está com o elenco em suas mãos. Uma das mudanças ensaiadas durante a semana – a entrada de Irênio no lugar de Michel e o deslocamento de Netinho para a ala esquerda – foi feita e a equipe voltou melhor para a etapa final. O Atlético encurralou a Portuguesa e, logo aos seis minutos, empatou com o capitão Claiton. A entrada de Irênio deu o toque de bola necessário ao time, que começou a criar muitas oportunidades de gol. Mas aos 27 minutos, Vinícius quase entregou o ouro ao bandido. Foi driblar na saída de bola e se complicou, recuperando-se em seguida e evitando o gol adversário.
O susto despertou o Atlético, que partiu para definir o jogo. Aos 29, mais uma vez o ?Predador? marcou e virou o placar. Na seqüência, a camisa pesou e a blitz atleticana surtiu efeito. Nos dois minutos seguintes, o artilheiro rubro-negro Marcelo Ramos deixou sua marca por duas vezes e definiu o placar da partida. Com a vitória assegurada, Franco fez alterações e o Atlético diminuiu o ritmo, esperando o apito final.
Campeonato Paranaense
7ª rodada – 1.ª fase
Portuguesa 1 x 4 Atlético
Local: Estádio José Garbelini, em Cambé
Portuguesa: Braz, Charles, Tião e Roberto Fonseca; Caniggia, Ramirez (Ferrari aos 8? do 2.º- Fábio Henrique aos 36? do 2.º), Ademir, Everton Totó e Igor; Ambi e Marcão (Léo aos 19? do 2.º). Técnico: Israel de Jesus.
Atlético: Vinícius; Rhodolfo, Alex Fraga e Danilo (Rafael Santos aos 34? do 2.º); Jancarlos, Valencia (Alan Bahia aos 34? do 2.º), Claiton, Netinho e Michel (Irênio no intervalo); Ferreira e Marcelo Ramos. Técnico: Ney Franco.
Árbitro: Adriano Milczwski
Assistentes: Júlio César de Souza e Pedro Martinelli Crhistino
Gols: Everton Totó (P) aos 18? do 1.º; Claiton (A) 6? e 29? e Marcelo Ramos (A) 30? e 31? do 2.º
Cartões amarelos: Ferreira (A), Marcão, Ambi, Ferrari (P)
Renda: R$ 8750
Público pagante: 801
Público total: 1196
Irênio estréia com pé direito
A estréia de Irênio foi elogiada pelo técnico Ney Franco. O jogador entrou no intervalo do jogo e deu mais dinâmica à equipe. Inverteu jogadas, bateu falta e finalizou com perigo. ?O Irênio entrou bem. Teve duas oportunidades de gol e bate bem na bola. É um jogador de armação, para dar cadência e que sabe enfiar a bola. Jogou 45 minutos, saiu-se bem e é um jogador que vai nos ajudar muito pela sua qualidade técnica?, analisou Franco.
Apesar da atuação destacada, o treinador não quis adiantar se o meia ganhou posição no time titular. ?A nossa equipe já tem uma forma de atuar e agora (com o Irênio) temos essa nova possibilidade? informou.
Irênio também gostou de sua estréia. ?Creio que fui bem, apesar de três meses sem disputar um jogo oficial. Já me senti melhor hoje, principalmente na parte física?, contou.
Mais um
Outro jogador que fez sua primeira partida com a camisa rubro-negra foi Rafael Santos, 23 anos. O zagueiro chegou no início de junho vindo do Internacional (RS), na negociação que envolveu o zagueiro Marcão.
Rafael chegou fora de forma, ainda na época do Vadão. Colocado no grupo B, o atleta se condicionou melhor e, no decorrer do ano, jogou alguns amistosos e jogos-treinos. Entretanto, não conseguiu ganhar a confiança dos treinadores. Passou em branco na era Antônio Lopes e ganhou chance com Ney Franco, já que passou a figurar no banco de reservas em alguns jogos.
Time
Aparentemente, Franco terá à sua disposição todo o elenco para a partida contra o Adap Galo, no sábado de Carnaval, na Arena da Baixada. O zagueiro Antônio Carlos cumpriu suspensão automática e retorna ao time.
Segundo tempo foi show de bola
O confronto diante da CAC/Lusa revelou aspectos positivos para o Atlético. Pela 1.ª vez na competição, o time saiu perdendo – reflexo do mau futebol nos 45 minutos iniciais – mas demonstrou ter conjunto e forças para se impor sobre um adversário inferior tecnicamente. Também serviu para as estréias do meia Irênio e do zagueiro Rafael Santos e, principalmente, valeu pela alteração feita por Ney Franco no intervalo de jogo, muito aguardada pelos torcedores atleticanos.
Com a entrada de Irênio no lugar de Michel e o deslocamento de Netinho para a ala esquerda, o Furacão ganha em qualidade e toque de bola. Perde na marcação, já que o time se lança à frente e Valencia tem que se virar marcando por todos. Mas o Atlético muda sua postura e agride o adversário, comprovado na 2.ª etapa diante da Lusa. ?Ney Franco foi muito feliz na alteração. Ganhamos mais toque de bola e voltamos tranqüilos para Curitiba?, analisou Netinho.
O treinador também elogiou a postura de seus comandados na etapa final. ?Melhoramos nosso desempenho no 2.º tempo e conseguimos empatar e virar. A gente veio para o jogo com respeito, mas se comparar jogador por jogador, tecnicamente o Atlético é melhor e não poderia ter jogado aquele 1.º tempo. Nós entramos no jogo deles, com bolas altas e demos muitos chutões. No 2.º tempo, encaixamos o posicionamento, rodamos a bola e a equipe cresceu?, explicou Ney Franco.
Claiton desencanta e marca duas vezes
O capitão Claiton foi um dos destaques da equipe. Com a alteração de Ney Franco no intervalo da partida, o volante se posicionou mais pelo lado direito e passou a participar ativamente do jogo. Atuando assim, o ?Predador? – como vem sendo chamado pelo torcedor rubro-negro -conseguiu marcar os seus primeiros gols com a camisa do Furacão. Um de cabeça e outro num bom chute. Depois participou do quarto gol atleticano fazendo o cruzamento para Marcelo Ramos. ?O Ney me deu liberdade de atacar pela direita e até fiz um gol de cabeça. Acho que foi o meu primeiro gol de cabeça (risos). O Atlético está de parabéns, saímos de um resultado adverso e jogamos bem no 2.º tempo?, analisou .
Claiton chegou ao Atlético em julho, ainda na era Antônio Lopes, numa transação envolvendo o volante Cristian. Não teve destaque nas primeiras atuações, pois não vinha jogando pelo Flamengo e estava sem ritmo. Aos poucos conquistou o torcedor pela sua raça e vibração e também o treinador Ney Franco, que lhe premiou com a tarja de capitão.
Apesar de participar da criação de jogadas que resultaram em gols, Claiton estava com a pontaria meio desequilibrada. Mas o jejum chegou ao fim na partida de ontem.