Atlético desfalcado e vaiado pela torcida

As vaias acabaram sendo merecidas. Os cerca de 3,5 mil torcedores presentes à Arena sábado, não poderiam concordar nem um pouco com o futebol apático demonstrado pelo Atlético. Nem parecia o campeão brasileiro, mas o empate por 0 a 0, contra o Iraty, acabou servindo para o Rubro-Negro disputar a sua terceira final em seis meses e tentar o inédito tricampeonato paranaense, na decisão contra o Paraná Clube, que ontem eliminou o Coritiba..

“Faltou adrenalina no jogo”, confessou o técnico Riva Carli. Para ele, os dois times não quiseram muita coisa com a bola. “O Iraty não queria o jogo e nós ficamos apenas administrando a nossa vantagem”, emendou. Com isso, quem perdeu foram os torcedores que pagaram R$ 15 para ver dois times pouco dispostos.

O primeiro tempo foi sonolento. O atacante atleticano Dagoberto era o que mais procurava levar perigo ao gol de Marco Antônio. Enquanto isso, Flávio apenas se movimentava para escapar do frio que se abatia sobre a Arena. Já na segunda etapa, a expectativa era de que as coisas mudassem. Marco Antônio fez grandes defesas e os zagueiros salvaram algumas bolas de dentro da pequena área.

Mas o passar dos minutos arrefeceu os ânimos do Furacão e quem começou a ameaçar foi o Azulão. Nada que preocupasse, mas o time visitante saiu reclamando de um impedimento que poderia ter valido o gol da classificação. O técnico Val de Mello poderia ter aproveitado a insatisfação da torcida e o nervosismo dos jogadores atleticanos para tirar proveito, mas não quis soltar o time e tentar a vitória. No final, um empate melancólico. “Foi um jogo morno. Nós tínhamos que ser mais agudos”, finalizou Riva.

Desfalque

O treinador vai ter trabalho durante a semana. Além do time ter jogado fora a possibilidade de jogar a segunda partida da decisão em casa, contra o Paraná, Riva não poderá contar com o atacante Dagoberto e o meia Adriano. Os dois têm sido os melhores da equipe nas últimas partidas. Hoje, o grupo se reapresenta para iniciar os preparativos para a partida de quinta-feira na Arena.

Diretoria nega falta de motivação “no bolso”

Após a consagração com a conquista do campeonato brasileiro, o time do Atlético só vem descendo ladeira abaixo. Foi desclassificado prematuramente da Libertadores, custou a se classificar para as finais da Copa Sul-Minas, e chega à final do Supercampeonato Paranaense cambaleando. Analisando só pelos resultados, nada mal, mas o torcedor já dá mostras de que não agüenta mais ver o time tocar a bola para os lados e ver jogadores “de freio de mão puxado”.

Para o presidente do clube, Mário Celso Petraglia, o maior problema é da competição. “O Paranaense não tem a mesma motivação”, aponta. Para ele, o importante é que o clube está cumprindo o seu papel. “O Atlético está chegando às finais, que é o que queremos”, destaca. Apesar de não estar totalmente satisfeito com o futebol apresentado no sábado pelo time, o dirigente julga que o mais importante são os resultados obtidos.

Mas, as fortes vaias ao final da partida contra o Iraty, quando empatou sem gols, mostram que os torcedores querem ver mais do time do coração. Apesar de negado veementemente, uma das razões para o fraco desempenho nas últimas partidas está no descumprimento de promessas feitas pela diretoria. A Tribuna apurou que após a conquista do Brasileiro, os jogadores passaram a receber com atrasos. “Absolutamente, esta semana pagamos o salário de abril. Qual o clube do Brasil que está tão em dia quanto a gente?”, contesta o presidente.

Não é o que dizem os jogadores. Nenhum deles abre o jogo para a imprensa, mas segundo interlocutores, os salários estariam com dois meses de atraso. Fora isso, o bicho do Brasileiro (metade dos R$ 2 milhões, dados ao campeão, seria dividido entre os atletas) teria que ser pago na volta das férias. “Prometeram uma coisa e não cumpriram, o resultado está aí”, disse uma fonte do clube que não quis ser identificada. A falta deste pagamento acabou também influindo nos demais funcionários do clube que recebiam ajuda dos jogadores. “Era como uma família, eles (jogadores) distribuíam cestas básicas e agora não há mais nada disso”, lamenta.

De acordo com o presidente, o bicho vai ser pago no início da Copa dos Campeões. “Fizemos esse acerto”, garante. Segundo ele, essa premiação é uma “liberalidade”, ou seja, o clube paga se quiser.

Ficha técnica:


Semifinal
Local: Arena da Baixada (Curitiba)
Árbitro: Antônio Denival de Moraes
Assistentes: Vágner Vicentin e José Augusto Pontarollo
Cartões amarelos: Flávio Luís, Adriano (A), Dagoberto, Jamur, Gilmar, Nílson

ATLÉTICO: Flávio, Alessandro, Wellington Paulo, Rogério Correia, Ígor, Fabiano, Flávio Luís, Adriano, Alex Mineiro (Kléber), Vital, Dagoberto (Rodrigo), Técnico: Riva Carli

IRATY: Marco Antônio, Jamur, Sandro, Fabiano, Tião, Wésley, Gilmar, Nílson (Adriano), Nélson, Alex, Leite, Tiago, Técnico: Val de Mello

Anotações

ATLÉTICO

Flávio

– A segurança de sempre. Nota 7

Alessandr

o – Fez boas jogadas pela ala e se arriscou ao ataque. Nota 7

Wellington Paulo

– Ainda não disse a que veio. Nota 4

Rogério Correia

– Seguro na sobra. Nota 6

Ígor

– Muito bem na marcação. Nota 6

Fabiano

– Buscou sempre o ataque. Nota 7

Flávio Luís

– Se limitou à marcação. Nota 5

Adriano

– Sofreu com a forte marcação mas se saiu bem. Nota 7

Alex Mineiro

– Jogou apenas o primeiro tempo mas não brilhou. Nota 4

Vital

– Jogou com disposição mas ainda deixa a desejar. Nota 6

Dagoberto

– Jogou com garra e disposição. Nota 8

Kléber

– Entrou para mostrar serviço a empresários e decepcionou. Nota 5

Rodrigo

– Entrou para poupar Dagoberto que estava nervoso. Sem nota

Riva Carli

– Viu o desânimo do time e não fez nada para mudar o panorama. Nota 5

IRATY

O técnico Val de Mello foi à Baixada para não perder e conseguiu seu intento. O problema é que precisava vencer para se classificar. Se apertasse um pouco mais poderia almejar algo mais, mas ele não teve a coragem suficiente. Nota 5

Arbitragem

O trio precisa urgentemente fazer uma reciclagem, principalmente na regra de impedimento. Se precipitou várias vezes. No mais, até que conduziu o jogo com tranqüilidade, afinal os jogadores não estavam muito interessados. Nota 5

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