Atlético decepciona na Copa dos Campeões

O presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, inicia o planejamento para o Campeonato Brasileiro amanhã e uma das suas primeiras ações poderá ser promover uma mudança no comando técnico do time. A decepcionante campanha do Rubro-Negro na Copa dos Campeões – três derrotas em três jogos – pode ser o indício de que os dias de Riva de Carli no comando técnico do time estão contados. No entanto, precavido como de praxe, Petraglia garantiu ontem que, por enquanto, Riva é o comandante. “Respeito as pessoas com quem trabalho e antes de mais nada, vou analisar as observações de Antônio Carlos Gomes (diretor técnico) e o Alberto Maculan (diretor de futebol). Não assisti aos jogos e não julgarei essa questão apenas em função dos resultados.”

Justamente por ainda não ter um posicionamento sobre a permanência ou não de Riva, Petraglia tem se mostrado bastante irritado com as especulações em torno do nome de alguns treinadores, especialmente de Antônio Lopes. “Não fizemos nenhum contato antes, durante ou depois da Copa do Mundo”, garantiu à Tribuna. O presidente desmentiu a informação dada por Alberto Maculan na última sexta-feira, dando a impressão de que uma conversa informal com Antônio Lopes possa ter partido de outro membro da diretoria. “Não sei de onde saiu essa história. Nunca me furtei de confirmar uma informação procedente. Essa não é.”

Decepção

O insucesso na Copa dos Campeões, segundo Petraglia, deveu-se especialmente às ausências dos meias Kléberson, que estava servindo à seleção brasileira, e Adriano, que está retornando ao Olympique de Marselha. “Não há como negar a importância dos dois na equipe. São jogadores criativos, cujas ausências tiraram a referência do time”, acredita. Por isso mesmo, a diretoria lamenta a saída de Adriano e só negocia Kléberson se a proposta for interessante, de modo que permita a reposição do meio-de-campo atleticano. “No caso do Adriano, tivemos que aceitar a determinação do Olympique, uma vez que já ficamos com o atleta no primeiro semestre. Eles têm metade do passe e o direito de decidir o destino do atleta neste semestre”, lamentou. Quanto a Kléberson, Petraglia disse que ainda não há nenhuma proposta oficial, nem da Lazio, nem de time algum. “O que há é o trabalho de empresários, que querem tirar dinheiro do clube. Infelizmente, isso faz parte do futebol. Só vamos confirmar uma proposta quando ela existir de fato. Por ora, estamos contando com ele para o Brasileirão”.

Além da ausência desses atletas, Petraglia lamentou o rendimento da defesa e a queda de rendimento do destaque do time no Brasileirão 2001, Alex Mineiro, cujo passe foi comprado pelo Atlético por uma quantia considerável. “É complicado saber o que está acontecendo. Mas estamos apostando numa volta por cima dele e do time no Brasileirão.”

Chateado com o excesso de críticas ao time, o dirigente prefere destacar os pontos positivos conquistados pelo Atlético esse ano. “Tivemos o primeiro jogador de um clube paranaense campeão mundial. O capitão da seleção sub-17, Evandro, é do Atlético. Dagoberto arrebentou na sub-19. Além disso, conquistamos o tricampeonato inédito e o vice da Sul-Minas. São conquistas importantes.”

Quanto às competições em que o Rubro-Negro não foi bem sucedido, como a Libertadores da América (eliminado na 1. ª fase) e a Copa dos Campeões, Petraglia foi enfático. “Não dá para ganhar tudo.” Lamentável apenas é que justamente as duas competições eram consideradas as mais importantes, uma vez que valem vaga na Libertadores 2003. Agora, a única forma do Rubro-Negro poder participar novamente da competição internacional, que este ano rendeu US$ 450 mil ao clube, é chegar novamente à final do Brasileirão, em uma guerra que durará praticamente cinco meses.

Incerteza fora e dentro de campo, o tempo todo

Fortaleza, Ceará

– Para quem esperava passar um mês no Nordeste e deixar a região levando uma bela taça e uma vaga para a Copa Libertadores da América, a passagem do Atlético pela Copa dos Campeões foi altamente frustrante. Mas o final da história apenas é o desfecho ideal para uma participação que surpreendeu negativamente até mesmo os mais pessimistas, e deixou arrasada uma nação de torcedores. E alguns erros apresentados eram reflexos de falhas na preparação, ainda em Curitiba.

O principal deles foi ter pouco tempo para treinar – o calendário brasileiro ajuda, mas o uso desses dias pelo Atlético não foi dos melhores. Ao invés de preparar a equipe taticamente, a comissão técnica aceitou realizar prosaicos jogos-treinos contra o Iraty. Depois de uma rusga entre as diretorias, os trabalhos foram cancelados, e foi chamado o Tiradentes, clube amador de Tijucas do Sul. A fraqueza do adversário mascarou alguns problemas da equipe. “O time que nos enfrentou não serve de parâmetro para nada”, confessou o volante Donizete Amorim, quando a delegação rubro-negra desembarcava em Fortaleza.

Em Teresina (primeira parada no Nordeste), o técnico Carlos de Oliveira Carli (Riva) continuou a preparar a equipe com uma mudança de esquema tático – jogando com apenas dois zagueiros. Parece simples, mas a mudança alterava toda a planificação do time, principalmente porque Kléberson (recém-chegado da Copa do Mundo) e Adriano (sem contrato) desfalcavam a equipe. Foi assim, com Alex Mineiro como armador, que o Atlético perdeu para o Flamengo – dando espaços para o adversários, com `buracos’ na defesa e sem armacão no meio.

As alterações de Riva também não davam resultado. Ele sacou Dagoberto (o melhor contra os cariocas), Donizete Amorim e Fabrício na partida contra o São Caetano, montando uma equipe com três zagueiros, dois volantes e Rodrigo no meio. Dagoberto não escondeu sua irritação, e o Atlético não escondeu os erros. Depois de sofrer dois gols, Riva colocou o atacante, que marcou um gol e sofreu um pênalti, desperdiçado por Alex Mineiro. “O tempo serve para corrigir alguns equívocos”, disse Dagoberto na véspera da partida contra o Goiás.

Enquanto isso, a diretoria anunciou que Kléberson estava fora da competição por estar “cansado”. “Ele fará uma pré-temporada visando o Campeonato Brasileiro”, explicou o coordenador de futebol Antônio Carlos Gomes. Logo viriam as notícias informando o interesse da Lazio (e depois da Internazionale e do Parma) pelo pentacampeão, sucedidas pelas informações da saída de Kléber para o Lille, da França, e da iminente volta de Adriano para o Olympique Marseille. Isso sem contar nas especulações envolvendo a saída de Riva do comando técnico – Ivo Wortmann, Abel Braga e Antônio Lopes surgiram como prováveis técnicos do Atlético. Até mesmo Fabiano foi envolvido em especulações, que o levam para o futebol alemão.

Foi com esse clima de incerteza que o Atlético perdeu no sábado para o Goiás, em uma das mais fracas atuações da equipe nos últimos anos. Nem parecia a equipe campeã brasileira – sem motivação, os rubro-negros eram `atropelados’ pelo adversário. Essa incerteza mostra o próprio caminho a seguir – manter o técnico caseiro ou não, vender os jogadores ou não, jogar com dois ou três zagueiros. Foi o grande empecilho do Atlético na Copa dos Campeões. Tão grande que fez, muito antes do que se imaginava, a delegação rubro-negra voltar para casa. (CT)

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