"Rebranding"

Mudança da marca foi “mergulho na essência” do Athletico, diz diretor

A troca radical do Athletico virou tema de palestra. Foto: Albari Rosa

Há mais de um mês, na véspera da final da Copa Sul-Americana, o então Atlético radicalizou e anunciou enormes mudanças no clube. O “rebranding”, termo usado para as modificações, trouxe alterações no escudo, uniformes, mascote e até na grafia, com a inclusão do ‘H’ no nome do clube, se tornando Club Athletico Paranaense, como em sua fundação em 1924.

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A polêmica poderia ter sido maior, mas a conquista do título diante do Junior Barranquilla diminuiu consideravelmente a rejeição, que segue bastante significativa, apesar de ainda não ter uma medição exata. Esse processo se iniciou no segundo semestre de 2017, com o presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia, novamente na liderança do projeto.

O mandatário atleticano chamou o especialista e torcedor do Rubro-Negro, Nelson Fanaya, com mais de 30 anos de atuação no mercado, para tocar as mudanças. Fanaya é amigo pessoal de Petraglia e começou no marketing esportivo em 1995, no próprio Furacão. Ele foi um responsável pela mudança no escudo em 1997, quando o departamento atleticano era instalado basicamente em sua casa.

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Entre idas e vindas, o profissional passou pelo clube paranaense em três oportunidades, sendo a última agora. Junto com ele, outra peça fundamental para a mudança foi Giovanni Vannucchi, fundador da Oz Design, agência contratada para criar a nova identidade.

“Foram 15 meses de trabalho. Em 97, foi em uma tarde, mas foi um escudo extremamente vencedor. Agora, ele (Petraglia) me chamou em junho de 2017 e disse que o clube precisava de uma nova identidade para uma expansão. A gente sabia desde o início que era um baita de um desafio e que, em um primeiro momento, por melhor que fosse, não seria bem visto. Fizemos um estudo com clubes que fizeram e estudamos bastante a Juventus, e sempre há uma rejeição” avaliou Fanaya em entrevista para a THE360, escola de São Paulo que promove eventos para discutir futebol e comunicação.

“A gente sabia desde o início que era um baita de um desafio”, diz Nelson Fanaya Filho (no detalhe), o “cara” do marketing do Furacão. Foto: Divulgação
“A gente sabia desde o início que era um baita de um desafio”, diz Nelson Fanaya Filho (no detalhe), diretor de marketing do Furacão. Foto: Divulgação

O ex-dirigente do Athletico não foi muito específico sobre as mudanças exatas, mas o novo escudo reúne ideias que vem do vento do furacão, além de detalhes da bandeira do estado do Paraná e do conceito de crescimento. “Não adiantava dar uma ajeitada visual, mas sim um mergulho do que é o Athletico, com uma essência do clube. E o Furacão deu a origem para montar esses quatro ventos (listras do símbolo). A menina é a rebeldia, o menino a inovação, a mulher o entusiamo e o capitão é a ambição (em alusão à Família Furacão, os novos mascotes, que ainda tem um cachorro)”, explicou.

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Sobre o uniforme, produto que mais teve reclamação pública da torcida, a fornecedora de material, a inglesa Umbro, abriu mão de desenvolver o layout da camisa e deu apenas conselhos técnicos. Mesmo com a certa rejeição, as três mil peças disponibilizadas inicialmente foram vendidas.

Repercussão

A introdução do ‘H’ no nome do clube, resgatando uma tradição do passado, tem como objetivo principal se diferenciar de outros times com a mesma pronúncia, além de resgatar o passado. Nas buscas do Google, por exemplo, o termo mais procurado ainda é “Atlético-PR”, seguido de “Atlético Paranaense” e depois “Athletico”. No dia seguinte ao título da Sul-Americana, 13 de dezembro, por exemplo, a procura pelo termo “Atlético” foi dez vezes maior de que a “Athletico”.

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Na TV, a nova marca ainda patina também. As emissoras inicialmente não adotaram um padrão de qual escudo usar, e a combinação visual nem sempre era aplicada de forma correta. Somente após esses problemas detectados é de que o Furacão disponibilizou um manual para a utilização de forma ideal no site oficial, mas ninguém chegou a visitar os locais para orientações mais detalhadas, como é de praxe nesses casos.

Já na internet, o clube teve problemas com domínios, com o www.athletico.com.br sendo o oficial. O site “athlleticoparanaense.com” foi comprado por uma pessoa que redirecionava o endereço para a página oficial do Coritiba, enquanto o “athlleticoparanaense.net” parava no site do Paraná Clube. No caso do domínio ‘alviverde‘, a disputa virou judicial e a Justiça determinou que o proprietário tirasse o redirecionamento, mas as partes ainda estão em negociação. A venda do domínio, avaliado inicialmente em R$ 58.452,85, foi proibida.

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Outra dificuldade encontrada aconteceu nas redes sociais. O @athletico pertence a uma empresa de fisioterapia dos EUA, que é parceira da seleção norte-americana de futebol e de times da cidade de Chicago na NFL, NBA e MLS. Sendo assim, a solução foi usar o @athleticopr no Twitter. Já no Instagram, a nova conta é @athleticoparanaense, enquanto no Facebook virou ‘clubathleticoparanaense’. Ou seja, sem padrão algum.

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