Aramis Tissot assume o comando no Paraná Clube

A renúncia não veio, mas o presidente Aquilino Romani, sob visível pressão familiar e emocional, decidiu se licenciar por tempo indeterminado e deixou o comando do Paraná Clube para o vice Aramis Tissot, que volta a presidir o Tricolor depois de 20 anos.

O dirigente anunciou seu afastamento em coletiva, ontem cedo, na sede da Avenida Kennedy. Estava acompanhado de vários vice-presidentes de área e do presidente do conselho deliberativo, Benedito Barboza. Falou sobre a situação do clube e confirmou sua participação na empresa Invest Esporte, em sociedade com o conselheiro Renato Trombini. O grupo detém percentuais de vários jogadores (a maioria das categorias de base) como garantia por aportes financeiros realizados ao longo dos últimos anos. “Tudo o que é feito no clube é feito às claras, com o conhecimento de toda a diretoria. As operações passam pelo conselho fiscal. Se eu tivesse interesse em qualquer manobra financeira, não teria posto o meu nome na empresa. Só um idiota não percebe isso”, disparou.

Aquilino relatou que o aporte de R$ 400 mil foi feito ainda na gestão de Aurival Correia, quando recebeu como garantia os direitos econômicos do lateral Murilo, que hoje já não está mais no clube.

“Depois, dei mais R$ 100 mil para segurarmos o Luiz Camargo no clube, senão o Lê (empresário do atleta) o levaria embora”, completou, justificando que a colocação dos atletas na Invest Sport foi feita para dar uma legalidade à transação. “Fui orientado pelo jurídico do clube para agir dessa forma, em virtude da Lei Pelé. Nunca quis ganhar dinheiro com isso. Todos sabem que a última folha salarial de 2009, R$ 200 mil, foi paga por mim e isso ainda está em aberto. Este ano, fiz empréstimo pessoal no Paraná Banco, no meu nome, e 50% ainda está em aberto no clube. Acho uma maldade muito grande colocar em suspeita a minha honestidade do comando do Paraná Clube”, disparou.

O presidente licenciado admitiu um erro estratégico no direcionamento dado ao futebol, mas lembrou que sem dinheiro é praticamente impossível idealizar um time competitivo.

“Em dezembro, todos apoiaram quando renovamos o contrato do Roberto Cavalo”, lembrou. “Além disso, muitos nos questionavam sobre a utilização de atletas da base. Houve jogos em que tivemos oito atletas formados em casa. Primeiro nos apoiam, depois descem o porrete. Não consigo entender isso”.

Mesmo se afastando do cargo, Romani assegurou que o clube é muito grande e vai dar a volta por cima. “Já ouvi alguns falarem que Curitiba será como Porto Alegre, com apenas dois clubes. Esqueçam isso. As minhocas irão comer muita gente e o Paraná seguirá grande, muito maior do que é hoje”, arrematou Aquilino Romani.