Alberto chega, treina e fala em títulos no Corinthians

São Paulo – Enquanto a parceria com os europeus dá sinais de enfraquecimento, o Corinthians se esforça para reforçar o time, em nono lugar no Brasileiro. Hoje foi a vez do atacante Alberto, de 29 anos, se apresentar, emocionado, ao clube no qual tem a missão de resolver de vez o problema da falta de gols. “Esse é um clube em que todo mundo quer jogar. Espero dar o máximo para ganhar títulos por essa equipe.”

Se dependesse do jogador, ele entraria em campo já contra o Palmeiras, domingo. Mas ainda não vai ser possível. Sua documentação ainda não chegou do Dínamo de Moscou, o que deve atrasar sua estréia. Por enquanto, segue treinando, como fez ontem, com os outros atletas.

“É um grupo jovem, com muitos garotos. Fui muito bem recebido”, disse, contando ainda que vai assistir ao clássico com a intenção de conhecer melhor seus novos companheiros. Na Rússia, via pouco o futebol brasileiro e acompanhou o Corinthians, apenas pelas notícias da internet.

Alberto, campeão brasileiro pelo Santos em 2002 em cima do Corinthians, agora espera, como espécie de compensação à torcida, dar um título ao novo clube. “Por onde passei, fui campeão. Aqui, quero fazer o mesmo”, declarou, sem nenhuma humildade

Londres ou Ilhas Virgens. Onde é a sede da MSI?

São Paulo –

A parceria entre Corinthians e MSI pode ainda estar na estaca zero. De acordo com o advogado Rubens Approbato Machado, conselheiro vitalício do clube e vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o pré-contrato assinado no dia 5 de agosto perde juridicamente toda sua eficácia pelo fato de a empresa européia ter declarado um endereço no qual não está estabelecida. “A empresa não existe e, portanto, tudo o que está escrito ali não vale”, disse. Pelo artigo 104 do Código Civil brasileiro, perde a validade qualquer negócio em que um dos agentes for indeterminável.

No pré-contrato, ao qual a Agência Estado teve acesso com exclusividade, consta como endereço da Media Sports Investiment (MSI) um estabelecimento em Londres. A empresa, porém, não funcionaria lá. Diversas fontes de pesquisa constataram essa informação e, o iraniano Kia Joorabchian, que assinou o acordo como representante do fundo de investimentos, afirmou que a empresa está sendo constituída nas Ilhas Virgens britânicas.

“Parece uma piada. Ele (Joorabchian) vai ter de provar isso, o que não fez ainda e, claro, nem vai fazer”, afirmou um dos conselheiros influentes do Corinthians, que pediu para não ter seu nome revelado.

Pelo acordo firmado, no item 6.1 está claro que “a vigência e eficácia do todos os termos está condicionada à regularização da representação das partes contratantes, no prazo máximo de 30 dias após a assinatura”. Daqui a dez dias (4 de setembro), portanto, a MSI deve não só provar que está legalmente constituída, como terá de apresentar (item 6.2) carta de fiança no valor de US$ 30 milhões, o que, segundo pessoa que freqüenta diariamente o clube, ainda não foi feito.

Também não foi cumprido, de acordo com o deputado estadual Romeu Tuma Jr. (PPS), o prazo em que a empresa se obrigara a dar referências bancárias que comprovassem sua capacidade financeira. O conselheiro pediu para ler o documento e ficou impressionado com a precariedade. “O que ela (Carla Dualib, neta do presidente do clube, Alberto Dualib) me mostrou foi um papel de um banco das Ilhas Cayman, todo escrito em inglês. Aquilo não é referência bancária, claro que não”, disse Tuma. O grupo também não realizou a auditoria prevista e que deveria ser fechada até dia 4.

O item 6.3 do pré-contrato deixa os opositores ainda mais apreensivos. Nele, consta que “qualquer alteração ou adendo ao presente somente será válido se feito por escrito e assinado por todas as partes contratantes”. No caso, as partes são Alberto Dualib, Nesi Curi e Joorabchian.

Bastidores

Nos bastidores do Parque São Jorge, percebe-se nitidamente que a vinculação da MSI ao milionário russo Boris Berezovski, suspeito de ligação com a máfia de contrabando de armas da Chechênia, caiu como uma bomba para muitos conselheiros. Vários, que seriam votos certos a favor da parceria, ameaçam sequer comparecer à próxima reunião do Conselho, daqui a cerca de 30 dias.

Isso se a reunião ocorrer, afinal, dia 5 de setembro o acordo já pode ser descartado se os investidores não provarem sua idoneidade à comissão de oito representantes do clube, escolhida pelos conselheiros e chefiada pelo vice de futebol, Antonio Roque Citadini, ferrenho adversário da parceria.

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