Afastamento da diretoria do Atlético gera polêmica

O comando do Atlético para o biênio 2008/09 será decidido no próximo dia 14 de dezembro durante a realização da assembléia-geral, na qual cerca de mil sócios terão o direito de votar. Mas até entre pessoas próximas da administração atual, o afastamento do grupo de Petraglia do comando não é convincente. Para o conselheiro, José Henrique de Faria, o procedimento mais correto dos atuais dirigentes seria lançar chapa única e evitar toda essa situação, que é desgastante.

?Vejo com uma visão crítica. (A assembléia-geral) é uma forma encontrada para que se legitime a permanência da situação, pois amanhã ninguém poderá dizer que a oposição não teve a oportunidade de assumir o comando?, disse. Para o ex-presidente do Conselho deliberativo do Furacão, foi montado um clima no qual a oposição não tem voz, mesmo porque ?a oposição não está dentro do conselho?, analisou.

Conforme Faria, Petraglia está fazendo uma boa gestão, mas tem problemas como qualquer outra. As indisposições vistas no decorrer do ano comprovam a existência desses problemas, mas nada grave a ponto de o presidente desistir de seu projeto. Entretanto, o maior entrave pode residir no próprio Petraglia, de acordo com Faria. ?Talvez ele não consiga conviver com a torcida insatisfeita com o time, apesar de tudo o que fez.

E se ele não souber conviver com críticas, deve sair?, finalizou o ex-reitor da UFPR, lembrando que há um projeto no Atlético em andamento e que ainda não foi finalizado. O vereador e conselheiro do Furacão, Mario Celso Cunha, não acredita na troca de poder no clube. ?O grupo não vai abrir mão de tudo o que foi feito nos últimos 12 anos.

O que se quer é a valorização do trabalho dessa administração. A torcida tem que compreender e demonstrar reconhecimento por tudo o que foi conquistado e construído?, afirmou. Para Cunha, a falta de registro de uma chapa da situação não significa uma jogada política. ?Não é política, pois não tem oposição. É uma forma de demonstrar que todos precisam se unir para o bem do Atlético?, disse, enfatizando o seu apoio a Petraglia.

O vereador relatou que nesse momento é difícil encontrar alguém habilitado para conduzir toda a estrutura do Furacão. ?Não é o momento de deixar o clube. O Petraglia tem que permanecer mais dez anos, pelo menos?, concluiu.

Torcida também não aprova

O comodismo diante da administração do atual grupo político fez com que novas lideranças não se criassem dentro do Rubro-Negro e, sem mobilização, não há oposição e a tendência é a perpetuação no poder. Mas se a intenção dos situacionistas era demonstrar que o poder no Atlético está apenas nas mãos dos sócios, a idéia parece não ter vingado. A decisão, além de criticada por alguns conselheiros ouvidos pelo Paraná-Online, também desagradou torcedores.

De acordo com o vice-presidente da torcida organizada Os Fanáticos, Juliano Rodrigues, a ação não passa de uma jogada política. ?Sabemos que no final das contas eles vão permanecer à frente do clube?, afirmou. Para ele, os dirigentes atuais estão se passando por coitadinhos.

Mas ao mesmo tempo não fazem uma auto-crítica de suas condutas e acusam a falta de apoio da torcida e da quantidade de sócios que o clube possui. ?Não é fácil para muitos apaixonados pelo Atlético aderir ao plano de sócios. Mas uma coisa é certa. A torcida está ao lado do Atlético e demonstrou isso quando foi chamada. Com a baixa do ingresso, o povo lotou a Arena e empurrou o time. Foram oito jogos e nenhuma derrota?, lembrou.

Sobre uma eventual saída da atual diretoria, Juliano disse que cabe aos dirigentes pesar e analisar se vale a pena permanecer no comando. ?Se eles não tiverem mais prazer em trabalhar pelo Atlético, devem sair. Tenho certeza que há pessoas dentro do clube capazes de exercer a função (presidência) com a mesma dedicação?, afirmou.

Questionado se a torcida, como um todo, temeria a não-conclusão da Arena caso Petraglia deixasse o poder, a resposta foi direta. ?A promessa deles, desde o início, seria a demolição do estádio para a construção de um novo e completo estádio. Se deixarem pela metade, quem não estará cumprindo com a palavra e quem não ficará bem com a torcida são eles?, finalizou.

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