A volta do filho renegado ao Alto da Glória

“O zagueiro Allan está oficialmente desaparecido do Coritiba. Depois de não conseguir uma negociação com o futebol europeu, o jogador abandonou os treinos do clube e a diretoria coxa já passou o caso para seu departamento jurídico. No ar, portanto, mais uma novela no futebol paranaense”.

Estas são as primeiras frases da matéria do Coritiba de 28 de agosto de 2002, dia em que “estourou?? a crise entre Allan e o clube. O zagueiro pediu os direitos federativos na Justiça para conseguir deixar o Alto da Glória, em uma atitude criticada pelos dirigentes e entendida por poucos. Nesta entrevista, Allan comenta porque tomou tal decisão e porque aceitou retornar para o Coxa.

O Estado – Quando você voltou, disse que estava no Coritiba para “reparar um erro”. O que passou na sua cabeça quando decidiu voltar?

Allan – Muita coisa. No momento em que aconteceu o litígio, várias coisas estavam passando na minha cabeça. Havia muitos fatos ocorrendo dentro e fora de campo, e eu decidi seguir outros caminhos. Eu tentei ser emprestado, mas a diretoria não aceitou e eu acabei tomando uma decisão que, avaliando depois, talvez não fosse necessária. E uma atitude desnecessária pode ser considerada errada.

O Estado – Você ficou magoado com o que ouviu dos dirigentes?

Allan – Magoado não, porque eu procurei não ficar sabendo. Por mais que eu soubesse o que estava se passando, acompanhando o noticiário, não quis envolver ninguém na história. Eu escutava as declarações, algumas até corretas, mas a decisão já tinha sido tomada. E eu tinha que arcar com as conseqüências.

O Estado – Foi bom para você deixar o Coritiba?

Allan – Até certo ponto foi. Da forma que as coisas estavam indo, eu iria acabar prejudicando o clube, pois estava me desgastando com algumas pessoas. Depois que você vive uma fase jogando partidas e sendo titular e, de uma hora para outra, você é esquecido sem motivo, você acaba ficando chateado. Então, para evitar atritos, resolvi sair. E de forma alguma tentei agir para ganhar dinheiro. E por isso eu retornei, por ter um vínculo com o Coritiba de muitos anos. Agora estou tranqüilo, minha família está tranqüila. E eu tenho que agradecer a diretoria, que não misturou as coisas, separou o meu caso do meu irmão (Netinho), que é técnico do juvenil do clube, e do meu pai (Erwin Aal Júnior, o Vivi, ex-jogador do Cori). Eu fico agradecido pela atitude do presidente (Giovani Gionédis).

O Estado – Qual foi a participação do seu pai nesse seu retorno?

Allan – Foi importante, muito importante. Ele soube contornar uma situação que podia ser considerada irremediável. Ele conversou comigo e eu disse que estava chateado. Eu tentava assistir a um jogo do juvenil e me sentia devedor. Evitava os contatos mesmo com os jogadores.

O Estado – Você acha que foi uma atitude impulsiva?

Allan – Depois de refletir, você percebe que tomou uma atitude tomada pelo ímpeto da juventude.

O Estado – Hoje, você acha graça da reação que seu caso provocou, inclusive na imprensa?

Allan – É um pouco engraçado…

O Estado – Pela forma que aconteceu…

Allan – Chega a ser tragicômico, porque foi um momento de decisão. E que provavelmente não tomaria hoje. Mas havia vários fatores que envolviam a história, e eu procurei um caminho que não foi o mais sensato.

Voltar ao topo