A tristeza das arquibancadas vazias

O presidente do Paraná Clube, Aquilino Romani, desabafou pela constante ausência dos torcedores tricolores na Vila Capanema. “Esses eu gostaria que torcessem pra outro time. Esse (torcedor) não ajuda em nada”, lamentava ele, deixando de lado a roupa social do dia-a-dia para trajar uma camisa do clube ao qual dirige.

As palavras de Aquilino Romani eram motivadas pelo pequeno movimento nas catracas do estádio Durival Britto e Silva na última partida da equipe pelo Paranaense 2010. Enquanto as piscinas da sede social do Paraná estavam cheias no sábado de carnaval e as pretensões dos bailes carnavalescos eram otimistas, a verdadeira casa paranista estava vazia. Apenas 1.352 torcedores deixaram suas casas e pagaram pra ver seu time de futebol empatar modestamente, por 0x0, contra o Iraty, pelo Paranaense 2010.

Alguns até podem questionar as festividades carnavalescas para falar sobre o público. No entanto, na maior presença paranista, 4.170 torcedores pagaram ingresso pra ver a derrota tricolor, por 1×0, diante do Atlético, na tarde dominical de 7 de fevereiro.

Mesmo um desabafo da diretoria chegou a ser feito para trazer a torcida novamente ao estádio. A cada mil novos sócios torcedores, um novo contratado.

Para os torcedores, a fala dos cartolas faz sentido. “É difícil, né. Faltam ídolos, mas o torcedor também precisa fazer sua parte. Só assim pro Tricolor voltar a ganhar os títulos”, reclama o torcedor Valdir Freitas, 41 anos, presente no jogo de sábado junto de seu filho Ryan, que pela primeira vez assistiu um jogo na Vila. “Tem que trazer todo mundo e fortalecer nosso time do coração”, ressalta.

Já o administrador do estádio Durival de Britto e Silva, José Santos, é outro que lamenta a fase baixa da torcida tricolor. No auge dos seus 73 anos, ele se lembra com orgulho dos tempos em que a torcida paranista lotava o Couto Pereira, o Pinheirão e, claro, a Vila Capanema. “Hoje eu vou ao alambrado, dou uma olhada no jogo e volto. A diferença de antes é que se fazia isso por não ter espaço. Atualmente é mais pra dar conta do trabalho”, disse.

Feliz da vida por ter perdido “o tesão pelo carnaval”, “seo Zé da Vila’, como é conhecido, perdeu um dia em que poderia estar em casa cuidando dos netos para trabalhar no sábado de carnaval. Questionado sobre o que achou disso, ele não pensou duas vezes em responder: “Time grande é assim. Não tem hora pra trabalhar e pra torcer. Dá-lhe Paraná. Chegou a hora dos torcedores darem as caras”.