Os picaretas

Falar de aposentadoria é mexer num vespeiro. A cada dia fica mais difícil – e distante – conseguir o tal do benefício.
Numa sociedade ideal a maioria das pessoas, composta pelos mais novos e saudáveis, bancaria a aposentadoria de uma minoria de incapacitados e idosos. Nada mais justo.

Contudo, o que fazer quando tudo se inverte e uma minoria precisa bancar uma maioria que não consegue trabalhar? Exageros à parte, nossa Previdência Social está há muitos anos com os dias contados.

O texto de hoje é pra jogar mais lenha na fogueira, pois fala de trambiqueiros que povoam os consultórios médicos em busca do tão sonhado encaminhamento para a perícia do INSS.

É um festival diário de lamúrias e lamentações. Há pacientes que querem se aposentar por pressão alta, outros por pedra na vesícula. Há pessoas que sabem de cor os sintomas de doenças mentais e outras que chegam a comprar muletas para simular sua incapacidade.

São pessoas que fazem da perícia no INSS um inferno para os que realmente necessitam de algum benefício. Há tantos picaretas tentando se encostar que os peritos não acreditam em mais ninguém.
É preciso refletir que já somos um país de doentes e idosos. A cada dia nossa força de trabalho míngua. Nosso trânsito, por exemplo, deixa todos os dias 1400 pessoas inválidas. Tudo isso fragiliza ainda mais a mal falada Previdência.

Há quem chame os peritos de carrascos e eu respeito essa opinião. Mas, se não fosse a rabugência desses caras, é quase certo que seríamos o país dos aposentados.