O vilão e a vítima

Aconteceu rápido, lá no Alto da XV. Era começo de noite e o calor do rush fazia com que os carros se acotovelassem pela Ubaldino do Amaral.

No lusco fusco de uma curva, um motorista em alta velocidade não percebeu que um ciclista seguia à sua frente, encolhido no canto direito da rua. Só restou mesmo arregalar os olhos e puxar o volante para o lado. A manobra tirou da frigideira o ciclista, mas jogou no fogo um motociclista que vinha do outro lado do carro, no apertado corredor entre as pistas.

Esmagada entre carros, a moto foi arrastada por vários metros. Para piorar, o motoqueiro estava de bermuda e camiseta.

Pois é. De acordo com os bombeiros do resgate, metade do ’couro’ do sujeito ficou lá, espalhado pelo asfalto.
Haja mertiolate…

Alguns dizem que o ciclista é o novo vilão do pedaço. Imunes a multas ou fiscalizações, muitos deles ignoram qualquer lei ou sinalização. E embora suas magrelas estejam mergulhadas em tráfego intenso, muitas não apresentam os acessórios obrigatórios para circulação.

Outros dirão que não, que o ciclista é mais uma vítima, o que certamente também é verdade. ’Embarcados’ em um veículo sem qualquer possibilidade remota de segurança, o ciclista ainda sobrevive ao desrespeito de quase todos os personagens do trânsito.

Neste Maio Amarelo vale a reflexão sobre assunto.

Que não existam vilões, tampouco vítimas.

Que exista apenas… respeito.

Olha só:

Em 2016 o Corpo de Bombeiros já atendeu a 1.922 ciclistas feridos nas estradas e ruas do Paraná. Destes, 26 foram a óbito no local.