O ponto final

Após ficar confuso ele perdeu a direção, subiu na calçada e passou com o carro por cima de uma senhora que passeava com o cachorro.

Simples, rápido e brutal assim.

Em mais de setenta anos de habilitação, foi a primeira vez que seu Jurandir cometeu uma infração. Com 92 anos, nunca havia batido, sido multado ou mesmo advertido.

Após o acidente, contudo, a infeliz constatação de que seu Jurandir já convivia há tempos com o Alzheimer, doença cruel e devastadora para o cérebro.

O texto de hoje é sobre isso: a difícil decisão de quando parar de dirigir.

A bem da verdade, muitos idosos são exemplos de boa direção e gentileza no trânsito. Por isso mesmo, a legislação brasileira não determina uma idade limite para se guiar veículos automotores, apenas prevê períodos mais curtos entre os exames de saúde. Contudo, não são poucos os acidentes provocados por condutores da terceira idade.

As limitações próprias da idade – como a redução gradual dos reflexos e da acuidade sensorial – associadas com doenças crônicas costumam criar cenários perigosos nas ruas e estradas, tanto para o idoso quanto para os outros personagens do trânsito.

Não é simples colocar um ponto final em um costume que nos proporciona tanta liberdade e independência. Mas, como diriam justamente os mais velhos, a vida por detrás de um volante pode apresentar milhares de horas de tranquilidade, mas milésimos de segundo de puro terror.

Pense nisso quando chegar o momento de renovar a sua carteira.

Pense em você. Pense nos outros.

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