O clube

A primeira ambulância trouxe consigo um motociclista e sua garupa, gravemente feridos. A segunda chegou com o motorista que colidiu com a moto, apresentando apenas uma luxação de joelho.

Num cruzamento de pouca visibilidade, o motociclista parou para a placa de preferencial. Cuidadoso, olhou para os lados e então acelerou. Foi quando surgiu o carro embalado, acertando em cheio o casal na moto.

De quem teria sido a culpa?

Da moto que “furou” a preferencial? Ou do carro que vinha a 60 km/h em uma via limitada a 40 km/h? A resposta até parece simples, mas a segu radora do motorista conseguiu atribuir a culpa ao motoqueiro.

Cadê a nossa civilidade?

Quando alguém provoca um acidente logo imaginamos um condutor bêbado, sem carteira ou um colecionador de multas e colisões.

Doce e inocente ilusão, pois a maioria dos sinistros ocorre por conta de pessoas consideradas normais, e que no fundo são “provocadoras em potencial de acidentes”.

Elas costumam ter a ficha limpa, mas diariamente cutucam muitas das regras de trânsito. A principal talvez seja o discreto abuso da velocidade. Onde a placa diz 40 vão a 60, onde diz 60 vão a 90…

O pior é que se consideram exímios condutores. Portanto, nenhuma campanha educativa os atinge, pois são incapazes de refletir sobre seus próprios exageros.

Proponho, então, um rápido teste.

Em uma avenida em que o limite de velocidade é 60 km/h, um carro que segue a 60 km/h pela pista da esquerda deveria lhe dar a passagem?

Se você respondeu que sim, bem-vindo ao clube.

Ao clube dos provocadores em potencial de acidentes.