Como vai seu figo?

Dias desses, um colega médico fez o desfavor de debochar de um paciente em praça pública, escancarando nas redes sociais que as palavras “peleumonia” e “raôxis” não existem. Infelizmente, sua atitude foi mais uma pá de cal sobre os médicos que pensam diferente e que tentam, a todo custo, dignificar a profissão com atenção e respeito a seus pacientes.

Apesar de toda a repercussão na imprensa, quem é da área da saúde não se espantou com a publicação. Afinal, há muito tempo a internet se tornou terreno fértil para o cultivo de diferenças, agressões e preconceitos.

Mas quem sabe algo de bom possa ser tirado dessa confusão toda. Talvez seja a oportunidade para refletir sobre como anda a nossa educação em saúde.

Eu, por exemplo, estudei minha vida toda em escolas públicas e só fui aprender o que era o fígado quando precisei fazer cursinho pré-vestibular. A verdade é cruel: em nosso país muitos não têm acesso a um mínimo de informação a respeito de seu próprio corpo.

Na prática, informação é sinônimo de saúde e de prevenção de doenças. Por isso, pouco importa se o paciente chama seu fígado de ’figo’. O que preocupa é ele não saber a fragilidade desse fígado, nem o que fazer para mantê-lo em bom estado de funcionamento por 80, 90, 100 anos.

As pessoas precisam ser respeitadas na simplicidade de como se expressam, mas não devemos se esquecer das que vivem à margem da educação e do conhecimento sobre o próprio organismo.
Nosso problema não é falar errado. O problema é não falar sobre saúde.

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