Nativa do Brasil, grama dos estádios da Copa do Mundo do Catar é resistente ao sol e regada com água do mar

O ditado popular “a grama do vizinho é sempre mais verde” não se aplica quando envolve os estádios da Copa do Mundo do Catar, que começa no próximo domingo (20), com a partida entre a seleção local e o Equador. Isso porque os oito gramados que vão receber os jogadores de futebol de todas as partes do mundo são compostos pela grama platinum, uma variedade da Paspalum vaginatum, nativa do Brasil.

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A escolha pela variedade tem relação direta com as condições climáticas do país do Oriente Médio, onde chove pouco (ou quase nada) e o calor é intenso. A grama platinum presente nos oito estádios é resistente a seca, convive bem com a baixa umidade, o calor elevado e o pisoteio, além da tolerância a salinidade. Isso faz com que seja indicada para regiões litorâneas, permitindo até mesmo a irrigação com água do mar, o que ocorre no Catar. Por lá, após o processo de tratamento que dissolve os sais, a água do mar não afeta o desenvolvimento da relva, garantindo que a bola role perfeitamente nos 63 jogos do torneio mundial, até a decisão no dia 18 de dezembro.

No Brasil, a produção de grama não fica restrita aos estádios de futebol. A relva está presente, em abundância, nos meios rural e urbano, como parques, praças, jardins, quintais, chácaras, fazendas e outra infinidade de espaços. Para abastecer esse mercado, segundo a Associação Nacional Grama Legal, o Brasil conta com 324 produtores registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que plantam em torno de 25 mil hectares.

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Mais da metade da produção nacional está concentrada na região Sudeste (55,2%), seguido pelo Sul (16%), sendo o Paraná o segundo maior produtor (São Paulo ocupa a primeira colocação no ranking). No estado paranaense, mais de 25% da área de plantio de gramados estão concentrados no município de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura (Seab). Completando o quadro nacional, a produção de grama ainda se espalha pelas regiões Norte (10,5%), Centro-Oeste (10,1%) e Nordeste (8%).

No total, 10 espécies são produzidas por aqui: Zoysia Japonica, Zoysia Matrella, Zoysia tenuifolia, Zoysia japônica, Axonopus fissifolius, Axonopus parodi, Cynodon dactylon, Cynodon dactylon x c. transvaalesis, Paspalum notatum e Paspalum vaginatum, essa última utilizada nos estádios do Catar.

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Ah, na maioria dos estádios de futebol do Brasil, a espécie Cynodon dactylon (grama bermuda) é a mais presente, em função do alto nível de regeneração, fundamental para “aguentar” as dezenas de jogos em uma mesma temporada.

Pausa

Essa é a última coluna Rural & Urbano de 2022, pois esse colunista vai fazer uma pausa. Aproveito para agradecer a audiência ao longo deste ano, as mensagens, os comentários e, claro, as críticas. A proposta deste espaço, desde a primeira publicação, sempre foi trazer informações envolvendo e aproximando os meios urbano e rural. Afinal, o campo e a cidade caminham juntos, como ficou comprovado ao longo de dezenas de colunas!

Espero reencontrá-los em 2023, com mais temas e informações sobre esses dois “mundos”, que na verdade fazem parte de um único planeta.

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