A ousadia da “melhor coxinha das galáxias” feita em Curitiba; fui provar!

Foto: Eloá Cruz.

Coxinha é o salgado mais democrático que existe. Pode ser aquele numa estufa simples de um boteco de bairro, ou ser elaborada e servida como entrada num restaurante da alta gastronomia. É salgadinho de festa, lanche popular na cantina da escola, almoço de estudante universitário, petisco entre amigos. Poderia apostar que não há sequer um brasileiro que tenha deixado de provar o quitute tão popular.

Entre tantas versões, sabores, recheios, o que torna uma coxinha especial? Além da questão afetiva – que conquista estômago e ganha o coração de muita gente – a coxinha perfeita precisa unir três critérios imprescindíveis: massa leve e super macia, recheio suculento e bem temperado, e casquinha sequinha e crocante.

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Esses três critérios fizeram um casal de Curitiba, aficionados pelo salgado, a apostar na coxinha como uma nova renda durante o período difícil da pandemia. Christian Kobus, consultor de neuromarketing sensorial, e a esposa Sheila Mesquita, produtora de eventos, uniram amor e cansaço. O amor é pela gastronomia e o cansaço de comer coxinhas farinhudas, com frango seco e temperadas com glutamato.

“Eu virei para a minha esposa e falei: vamos fazer a melhor coxinha de todas, uma coxinha de batata”, conta Chris. Numa precisão de cientistas, Chris e Sheila uniram suas experiências gastronômicas, pois tinham a vantagem de ter experimentado pelo menos boa parte das melhores coxinhas já oferecidas na cidade, e começaram a produzir, realizar testes.

A cozinha de casa virou um laboratório. Focados num propósito, o casal experimentou e calculou com precisão o que imaginou ser a “melhor coxinha das galáxias”.

Foto: Eloá Cruz.

Com a pandemia e a crise no trabalho, os dois miraram no objetivo comum, testaram e testaram. Criaram uma receita base e realizaram ajustes, um, dois, 35 testes! Até chegar no que acreditaram ser a melhor receita de todas, a Coxinha do Chris.

Toda a produção é feita de forma artesanal, da cocção lenta do frango no caldo aromático, ao molho de tomate. A massa, feita de batata, é quase como um bom purê encorpado com o mínimo de farinha de trigo. A ideia é comer e sentir a massa desmanchando na boca. Macia, leve, saborosa, temperadinha, sem aditivos químicos. Feita sempre no dia, da massa ao recheio, a coxinha é entregue ainda quentinha, recém saída da fritadeira.

Coxinha do Chris: a melhor coxinha das galáxias?

O Rango Barateza foi conhecer e provar a coxinha que promete ser uma das mais saborosas de todas. Será? Fiz meu pedido no dia anterior da entrega, como recomendado pelo próprio Chris. Recebi o cardápio com as opções de sabores e escolhi três deles: frango cremoso, camarão e queijo com tomate e cebolinha.

O Chris oferece dois tamanhos da coxinha, de 75g e 150g. Para provar vários sabores, fiquei com as opções pequenas. As de 75g têm um tamanho pouco maior das coxinhas de festa, e bem menor que uma coxinha tradicional de padaria. O valores variam de R$ 10 (de 75g) a R$ 25 (150g). Os sabores são: frango cremoso, tomate com queijo e cebolinha, carne de panela, carne moída, linguiça Blumenau e camarão cremoso. Tem também as bolonas de queijo, que custam R$ 6 (150g).

Sim, o preço é acima do valor comum de uma coxinha de lanchonete, de padaria. Você paga um valor pouco acima, mas vale a pena. Pense que a coxinha do Chris é, digamos, uma experiência sensorial. A expectativa começa quando você vai acompanhando o pedido durante o dia. O Chris avisa quando a coxinha vai para a fritadeira e quando sai com o motoboy direto para entrega.

Por morar perto de onde as coxinhas do Chris são feitas, elas chegaram quentinhas em casa. Bem identificadas e embaladas, cortei uma a uma para fazer a fotografia fiel delas. Como eu nunca me identifico antes como jornalista de gastronomia, o pedido chega igual a de um cliente comum. Peço e pago normalmente, como sempre.

Garanti alguns cliques e comi cada uma delas com calma. Casca crocante e sequinha, massa super molinha e desmanchava na boca mesmo. Os recheios, todos muito bons. A de frango era temperada delicadamente, bem cremosa. O catupiry misturado com o frango desfiado. A de camarão tinha crustáceos de tamanho generoso, também cremosa e bem temperada.

Por fim, provei a de queijo com tomate e cebolinha. Pensei que seria a menos surpreendente, mas me enganei. Seu sabor me pegou, algo nela provocou: o sabor do azeite de oliva intenso no meio daquele queijo e tomate. Uma excelente surpresa.

As coxinhas surpreendem no sabor. São delicadas, deliciosas. Depois de comer as três, do jeito que vieram, nem pensei em completar o sabor com uma pimenta ou qualquer outro molho condimentado. Não faria tal sacrilégio.

“Sou o louco da coxinha”

Numa conversa com o Chris, ele logo me confidenciou: “sou o louco da coxinha”. Para garantir tamanha delicadeza de detalhes, ser tão criterioso com a própria coxinha que oferece, precisa de uma pitada de loucura mesmo.

Especialista em consultoria neuromarketing sensorial, apostaria que a expertise dele ajudou na criação da sua super coxinha. E mesmo produzindo coxinhas todos os dias, Chris continua na saga por novos sabores. “Continuo comendo todas as coxinhas que ainda não comi. Minha esposa às vezes fala, ‘você não vai gostar dessa, olha para a cara dessa coxinha’, mas eu vou lá e como. A nossa coxinha, recebemos validação sempre, temos dois prêmios Bom Gourmet, do ano passado e retrasado, e mais uns 10, 12 restaurantes de chefs que sempre pedem nossa coxinha”, conta Chris.

Christian Kobus e Sheila Mesquita. Foto: divulgação.

Com a coxinha super bem aceita e saborosa, algumas propostas vieram. Queriam replicar a coxinha em restaurante. Clientes pedem quem sabe um ponto físico, uma loja. Sheila, esposa do Chris, acredita que é melhor manter a venda como está. “Não é nem por vaidade. É medo de se perder no processo. Temos medo de num ajuste de precificação, de acontecer uma substituição de ingredientes. Preferiria vender um curso, distribuir a receita pelo Brasil. Seguir um passo a passo talvez seja melhor que que criar uma franquia, pois o sabor pode se perder”, revela.

De onde moram, vários apartamentos viraram fregueses. Mães, crianças. As gestantes são as mais fiéis, quando surge desejo, o pedido é atendido sempre com agilidade. “Se é desejo de grávida, a gente dá prioridade”, brinca Sheila. Ouso dizer que os pedidos vão além dos limites da capital. São hoje mais de 10 mil seguidores no Instagram, apreciadores de coxinha, chefs de cozinha, pessoas de outras cidades, de fora do país. Sempre que passam por CWB, buscam encomendar as coxinhas do Chris. Virou iguaria nova da cidade.

*Os valores do cardápio divulgados no post são de abril de 2024 e podem sofrer alterações.

Que tal uma Coxinha do Chris?

Os pedidos devem ser feitos antecipadamente pelo WhatsApp (41) 99642-2496. A produção é diária, de domingo a domingo, artesanal e limitada. No contato, o pedido é feito e o pagamento é realizado antecipadamente, via PIX ou PicPay. No dia seguinte, Chris avisa quando as coxinhas estão quase prontas e o cliente envia um Uber Flash para retirada ou passa no local para buscar.

A retirada fica na Av. Iguaçu, 2090, no Água Verde, uma quadra do Crossroads, ao lado da Loja Bali Garden.

A Coxinha do Chris também faz eventos, limitado a 20 pessoas. Eles vão até a sua casa, ou evento, e basta um lugar arejado para realizar as frituras e seus convidados podem receber coxinhas de vários sabores, da bolona de queijo, a seis sabores de coxinha.

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