Terra do metrô pode ir para a construção do Parque das Gárgulas

As pessoas têm que parar de tratar alguns problemas como problemas em vez de verem neles uma solução. Às vezes um problema é solução à espera de alguém que a descubra. Esta introdução faria a glória numa convenção anual de vendedores de cosméticos, mas não é à toa. Eu li nos jornais que a construção do metrô de Curitiba trará desafio ambiental para a cidade. O que fazer com cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos de terra que serão retirados para a abertura dos túneis.

Já tem gente descabelando. Enquanto no lado criativo tem gente dando pulos de alegria. Claro, porque todo problema traz em seu bojo o germe da solução. Eu perguntei para o Solano Bermudez que é um paraguaio criativo que veio para Curitiba com cinco meses de idade: “O que você faria para melhorar a cidade se tivesse 1,5 milhão de metros cúbicos de terra?”. Vejam bem. Eu não perguntei o que fazer com o problema. Eu já parti da ideia de que esta terra é solução esperando gincana de criatividade.

Solano respondeu: “Eu faria um troço diferente e doidão para atrair atenção. Tipo o que foi a Torre Eiffel quando apareceu. Um troço monstruoso que virou símbolo”. Eu quis saber o que era: “O Parque das Gárgulas. Não conheço igual no mundo inteiro. Cristo Redentor já tem, Estátua da Liberdade já tem, Torre Eiffel já tem, mas um parque cheio de gárgulas com morro sombrio, castelo assombrado com direito a bondinho ligando o ponto alto ao mais baixo. Sacou? Seria monstro”. Achei aterrador, mas não deixa de ser uma ideia.

Onde seria é de menos. Porque se abrir concorrência, vai chover propostas estrangeiras. O empresário brasileiro gosta mesmo de investir em estrada que já está pronta, para colocar cancelas e cobrar pedágio. Se chinês pegar O Parque das Gárgulas fica rico. Seria um novo e surpreendente elemento na paisagem curitibana. O pessoal que faz a festa dos zumbis ia uivar de felicidade. E talvez o pessoal parasse com esta mania de querer saber onde fica o castelo do Vampiro de Curitiba.

Uma coisa não poderia faltar no parque: o Trem Fantasma, um troço que fez sucesso na minha infância e que não vejo mais por aí. Em São Paulo pegaram a terra do metrô e levaram para uma área de mineração e fizeram um bosque. Bela ideia se bem que gastar fosfato para produzir mais um bosque em Curitiba, é o mesmo que vender banana num bananal. Na falta de coisa melhor, que seja. Mas se fizer um brainstorming sai coisa melhor. Ideias não faltam. Falta mesmo é a terra que vai ser tirada do buraco do metrô.