Defenda o jornalismo, mesmo que ele esteja errado

A quem interessa deixar o jornalismo flanando sob a penumbra do ódio? O que estamos vendo é uma crescente onda disseminando repulsa por veículos e profissionais. Dia desses, em tom jocoso, circulou enquete de grande alcance no Twitter questionando o que seria pior: ter um filho jornalista, seguidor do youtuber Felipe Neto ou jogador de LOL. E aí?

Longe de nós, enquanto empresa de comunicação, atuar em causa própria alteando tese em defesa da classe. Mas seria importante que a sociedade acordasse pra importância do tema.

De novo: a quem interessa esta realidade falseada, que vem sendo diuturnamente construída?

Em seu livro Teorias da Notícia e do Jornalismo (Editora Argos, 2002), o professor e pesquisador Jorge Pedro Sousa diz: “Nenhuma democracia sobrevive sem uma imprensa livre e nenhuma ditadura sobrevive com uma imprensa livre”.

A afirmação não carece de qualquer explicação adicional. Concorde ou não com determinado jornal ou emissora, certamente é melhor que aquele jornalista que não o agrada em nada tenha total direito de falar o que deseja. Que ele possua, sempre, condições de apurar os fatos e oferecer à sociedade sua versão. Outros, com idêntico e irrestrito direito, farão o mesmo. A avaliação é pública. E este é o principal combustível da democracia.

Como ressalta a escritora inglesa Evelyn Beatrice Hall na obra “Os amigos de Voltaire”, biografia concluída em 1906: “Eu desaprovo o que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo”. A famosa frase é utilizada até hoje como símbolo descritivo da liberdade de expressão.

Vivemos tempos de ânimos acirrados nas redes sociais. Grupos de WhatsApp são turbinados por memes engraçados e mensagens pejorativas. E isso tem se tornado fonte oficial de informação pra muita gente, que prefere acreditar apenas em versões das mesmas cores que as suas, sem contrapontos.

De novo: a quem interessa isso? Que tipo de desenvolvimento social vamos alcançar?

Você pode não concordar com tudo o que publicamos aqui na Tribuna. Ou com as notícias que mais tarde William Bonner vai apresentar no Jornal Nacional. Mas essa história de atacar indistintamente a Globo e crucificar jornalistas está se tornando piegas.

Mude o canal, se preferir. Acesse outras fontes de informação. Amplie seu horizonte de análise. Mas defenda o jornalismo. A democracia agradece.

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