Os jovens e a violência

A surpresa que nos causa a violência praticada por jovens é extremamente dolorosa, ainda mais quando não encontramos razões aparentes para tais atos. No mundo todo, pais, professores e profissionais de diferentes áreas se debruçam sobre esse problema e, no entanto, cresce dia a dia a preocupação frente aos fatos que vemos serem consumados por  crianças e adolescentes.

Há crianças que apresentam, desde muito cedo, um comportamento violento e desafiador, sendo difícil à própria família controlá-las. Entretanto, os pais, em geral, ficam adiando uma atitude, na esperança de que, crescendo, o filho torne-se mais acessível e que a ?fase ruim? passe. E aí é que está o problema. Crianças e jovens de temperamento explosivo, irritáveis e agressivos, que têm crises de ira, fúria, que planejam com prazer ferir a outros, sejam animais ou pessoas, que apresentam curiosidade e conhecimento excessivo pelo manejo de armas, que freqüentemente se envolvem em brigas, atos de vandalismo, que se frustram com rapidez e freqüência, não podem dispensar um diagnóstico profissional e um tratamento de acordo com a grandeza do caso.

Há alguns fatores que aumentam os riscos de comportamento violento, aos quais família e escola devem estar atentas, como ser vítima de violência com abuso físico ou psicológico com freqüência e desde a mais tenra idade; excesso de exposição às cenas agressivas; problemas familiares ligados à combinação violência, fatores genéticos, abuso no uso de álcool e drogas; privações severas devido às condições financeiras e sociais extremamente desfavoráveis, e problemas neurológicos causados pelos castigos físicos, entre outros.

Apesar de a observação dos pais e dos professores ser a primeira preocupação a ser assinalada, muitas vezes a criança chega à adolescência sem qualquer diagnóstico ou tratamento profissional, o que aumenta e perpetua o problema. Reduzir o contato com a violência diária que se vê nos meios de comunicação, nos jogos, nas famílias, é um caminho para se formar jovens menos agressivos e inconseqüentes, mas outras medidas devem ser tomadas na comunidade e na família. Prevenir abusos físicos e morais, proporcionar educação sexual adequada, intervir precocemente quando se desconfia de algum problema relacionado aos sintomas descritos acima e não ter vergonha ou medo de buscar ajuda profissional são bons exemplos.

Um psiquiatra infantil pode orientar os pais e tratar da criança (ou jovem) junto a uma equipe multidisciplinar de modo a ensiná-la a controlar seu comportamento, expressar de modo aceitável sua desaprovação e frustração, assumir responsabilidade pela conseqüência de seus atos. Por sua vez, a família deve procurar tratar seus conflitos internos.

Com efeito, muitos casos de violência infanto-juvenil serão minimizados se toda a sociedade estiver atenta e se preocupar com o exemplo passado às novas gerações e com que tipo de condução ética e moral a sociedade guia suas escolhas e a sua educação.