Ataque cerebral: o derrame no século XXI

O derrame cerebral é a primeira causa de morte em países como Espanha, Portugal e Brasil, sendo a principal responsável pela discapacidade (limitações para o desempenho de atividades da vida diária) em adultos no mundo, causando sofrimento físico, psíquico e social, com um alto custo econômico, estimado em até R$ 60 mil por mês. Tal situação fez com que a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2006, chamasse a atenção dos governos para a gravidade do problema.

Nos últimos 10 anos, a comunidade médica tem obtido as evidências para um melhor manejo das doenças cerebrovasculares, com o surgimento das Unidades de Derrame (Stroke Unit), como a existente no Hospital Pilar em Curitiba, o que permite o atendimento emergencial de derrames cerebrais, incluindo o uso de trombolíticos (remédios destinados a dissolver o coágulo que fecha a artéria), técnicas de neuroimagem, de avaliação do fluxo sanguíneo, assim como técnicas de tratamento endovascular e cirúrgicas. Além disso, tais serviços acabam orientando a sociedade para a importância da prevenção e do rápido reconhecimento dos sintomas da doença, já que ?tempo é cérebro?.

Também conhecida como AVC (acidente vascular cerebral), o derrame foi reconhecido há mais de 2.400 anos por Hipócrates, o pai da medicina, que o chamou de apoplegia, que significava ?ataque violento? e que traduzia a paralisia em mudança súbita do bem-estar da pessoa acometida pela doença. No começo do século XX, ficaram estabelecidos os dois principais tipos de derrame cerebral: a isquemia (provocada pelo fechamento de uma artéria) e que constitui 84% a 88% dos derrames, e a hemorragia (pelo rompimento da artéria).

Os efeitos do AVC vão depender da parte do cérebro que ficou afetada, da gravidade da lesão, do estado geral de saúde e da possibilidade de tratamento emergente. Este fator depende da rapidez com que o paciente e/ou os seus familiares reconheçam as manifestações clínicas (sintomas ou queixas) de um derrame, que incluem paralisia ou amortecimento de um braço e/ou perna, geralmente do mesmo lado, confusão mental ou dificuldade para falar ou entender, perda da visão, tontura ou desequilíbrio súbito ou cefaléia aguda. De acordo com o National Stroke Association, é importante aprender os três ?Rs? do ataque cerebral (como está sendo chamado o derrame, para assim chamar a atenção do público que reconhece o ataque cardíaco como uma emergência).

1. Reduzir o risco;

2. Reconhecer os sintomas;

3. Responder, chamando ao serviço de transporte de emergências.

Por estes motivos é importante a realização de campanhas de educação à população, principalmente àqueles com hipertensão, o principal fato de risco para a ocorrência de ataque cerebral. Cigarro, diabetes, obesidade e sedentarismo também devem ser monitorados.