Ação que salva vidas

As campanhas antifumo contemplam um trabalho árduo e nem sempre vitorioso, mesmo assim, podemos considerar que muitas vidas foram ?salvas? graças a elas. Com certeza não se pensa na erradicação do tabagismo devido à dependência e à complexidade dos fatores envolvidos, mas observa-se um nítido declínio da sua prevalência no mundo. Alguns países produtores demonstram ainda um leve aumento do consumo, entre eles, o Brasil.

O tabagismo responde atualmente por 40% a 45% de todas as mortes por câncer, sendo 90% a 95% das mortes por câncer de pulmão. Também é causa de 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O tabaco é causa de 15% do total de mortes nos países desenvolvidos. Hoje, temos 1,3 bilhão de fumantes e 5 milhões de mortes no mundo.

Um estudo sobre a mortalidade no Brasil realizada no período de 1980 a 1995 concluiu que as taxas de mortalidade por câncer de pulmão e outros cânceres relacionados ao tabaco (boca, faringe, esôfago, pâncreas, laringe, bexiga e rins) foram mais altas no Sul e no Sudeste. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), ligado ao Ministério da Saúde, informa que a prevalência do tabagismo é maior na região Sul (42% dos habitantes da região) que no Nordeste (31% da população).

De 1991 a 1995 observou-se tendência à estabilidade da mortalidade por tipos de câncer relacionados ao tabaco. Esse fato foi particularmente acentuado nas populações masculinas do Sul e Sudeste, e menos perceptível na população feminina. Pode ser um indício dos possíveis efeitos positivos de mudanças nas atitudes dos brasileiros, decorrentes das políticas de saúde pública para o controle do tabagismo. Uma pesquisa recém-publicada apontou queda no consumo de cigarros de 1980 a 1990. Milhões de pessoas foram poupadas da morte.

Não existe lógica matemática em relação ao benefício da arrecadação dos impostos provenientes da venda do tabaco quando se pensa no que se deveria ser gasto para financiar o tratamento das conseqüências do tabaco (para cada real recebido em impostos o País é obrigado a gastar dois para os tratamentos). Na Tailândia – sede da última conferência mundial para o controle do tabaco -, a incidência do tabagismo caiu de 30% para 18% após a proibição total da propaganda de cigarros. A estratégia inclui três aspectos: aumento dos impostos, proibição de anúncios e lugares públicos livres de tabaco.

Considerando-se a população acima de 15 anos, Curitiba é a segunda cidade do Brasil em número de fumantes. 21% da população curitibana fuma, com efeito, seis em cada dez causas de morte estão relacionadas ao tabagismo. A campeã na prevalência do tabagismo ainda é Porto Alegre, com 25% de fumantes em sua população. No Brasil, a média é de 19% e as estimativas indicam que há cerca de 200 mil mortes por ano relacionadas ao tabagismo. Tornar ambientes públicos 100% livres do tabaco é uma importante estratégia. Medidas como essa poupam vidas, permitem visualizar a melhora na saúde da população exposta e ajudam os fumantes a parar de fumar.