Crítica

“Destacamento Blood” é o melhor filme da Netflix de junho, se não, o melhor do ano

destacamento blood
Destacamento Blood. Foto: Divulgação/Netflix

Netflix lançou na última sexta-feira um dos filmes mais aguardados para o mês de junho, se não, o mais aguardado do ano em sua plataforma. É o drama Destacamento Blood, longa-metragem de Spike Lee, o premiado diretor conhecido por trazer a luta e o reconhecimento da população afro-americana, além de discutir o racismo em suas produções. Foi assim com Faça a Coisa Certa (1989), Malcom X (1992) e Inlfiltrado na Klan (2018). 

Destacamento Blood conta história de quatro veteranos da Guerra do Vietnã que retornam ao país asiático em busca dos restos mortais do líder de seu esquadrão e de um tesouro escondido. Estrelado por Chadwick Boseman (Pantera Negra), Clarke Peters (Três Anúncios de um Crime), Delroy Lindo (série The Good Fight), Isiah Whitlock Jr. (Os Bons Companheiros) e Jean Reno (O Profissional), o longa ainda conta com os mesmos produtores de Oblivion e da saga Jogos Vorazes. 

As mudanças repentinas da trama, as reviravoltas e o desfecho são impressionantes. Em duas horas e meio de filme, dificilmente alguém vai terminar sem estar de boquiaberto e surpreso pela história impecável.

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Profundamente reflexivo e de forte impacto. Destacamento Blood discute o racismo, o trauma causado por uma guerra, memórias esquecidas e a luta dos que não são lembrados nos livros de história. Os escritores Danny Bilson, Kevin Willmott, Paul De Meo se unem com Spike Lee construindo juntos um enredo cheio de momentos emocionantes, com diálogos fortes e cenas impressionantes. 

As mudanças repentinas da trama, as reviravoltas e o desfecho são impressionantes. Em duas horas e meio de filme, dificilmente alguém vai terminar sem estar de boquiaberto e surpreso pela história impecável. 

Contexto histórico e social

Diretor Spike Lee com elenco de Destacamento Blood. Foto: David Lee/Netflix

A construção dos personagens é rebuscada. Delroy Lindo interpreta um dos ex-soldado que volta ao Vietnã para encontrar o corpo de seu companheiro. Seu personagem não é apresentado como um herói fiel, assim como de seus amigos: Isiah Whitlock Jr. e Clarke Peter. Essa forma de representação revela sobre as qualidades e defeitos que cada um possui. Seu gosto pelo neoliberalismo e seu apoio ao presidente Donald Trump, por exemplo, é fruto de uma parcela da população afro-americana que esquece a luta do próprio povo e crê cegamente na política aplicada pelo atual presidente dos EUA. 

Outro ponto que se discute no filme é a corrupção do indivíduo, quando se tem o poder. Uma teoria sociológica baseada em Nicolau Maquiavel, em que vale mais a pena ser temido do que amado; faça o mal de uma vez só e bem, aos poucos. 

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Em Destacamento Blood, percebemos que Spike Lee não está apenas tentando recontar parte de uma história, mas denunciar os próprios defeitos que todos os indivíduos possuem e que não são apenas de um grupo étnico, social ou cultural. 

Uma pena que os cinemas estão fechados, pois o novo filme da Netflix merece uma exibição, nem que seja em uma única vez, após a reabertura das salas. Aliás, a obra é uma boa aposta para concorrer ao Oscar. Porém, essa discussão eu deixo para uma outra hora. 

Avaliação: ⭐⭐⭐⭐ 1/2
Pra quem curte: drama
Pra assistir com: Sozinho ou com crush
Filmes e séries semelhantes: Django Livre, Mississipi em Chamas e A Outra História Americana


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