Crítica

“Dias sem Fim” impacta pela triste história do protagonista

Cena do filme "Dias sem Fim". Foto: Divulgação/Netflix

Dias sem Fim, um filme dramático que conta a história de um jovem afro-americano que foi condenado à prisão perpétua foi lançado pela Netflix na última sexta-feira (1º). Do co-roteirista de Pantera Negra e da série American Crime Story: O Povo contra O.J. Simpsons, Joe Robert Cole, o longa ainda conta com os produtores de Pose Podres de Rico, Brad Simpson e Nina Jacobson. A atuação fica por conta de Ashton Sanders, ator de Moonlight: Sob a Luz do Luar, Jeffrey Wright, conhecido por atuar em Westworld e Regina Taylor, da série A Unidade.

Profundamente chocante, Dias sem Fim impacta pela triste história do protagonista interpretado por Ashton Sanders. “Vejo rostos de pais do bairro. Eles sumiram. E agora sei para onde”, é o trecho de um dos diálogos do filme. O jovem que vive em uma região dominada pela violência acaba vivenciando a realidade degradante e que não traz a esperança de que seja possível se afastar de um cotidiano de crimes.

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Além do mais, a problemática família da personagem acarreta pela complexa desconstrução do sistema que está presente desde a época da escravidão no país norte-americano. “Adolescentes presos com pouca maconha, agora são gangsteres. Passaram a vida na prisão. Gerações de homens, pais, tios e primos. Fazem parte da história que só repete”, é outra fala do protagonista.

Reflexões O roteiro de Cole é digno de grandes reflexões, e o cineasta que também assina a direção, consegue trazer para o espectador a visão de que o simples crime do jovem vai além. “Se você tivesse dias sem fim na prisão pra entender sua vida por onde começaria?”, finaliza o personagem de Sanders.

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Mas mesmo com diálogos intensos, o filme peca pelo dinamismo, há cenas arrastadas com desfechos monótonos. Pode até ser um propósito do diretor, mas em duas horas de filme acaba trazendo desconforto para o público, ao não oferecer comoção nenhuma. Diferente, por exemplo, do filme ganhador do Oscar em 2018, Moonlight: Sob a Luz do Luar, que possui cenas longas, porém, que conseguem brilhantemente emocionar o espectador.

Já no que diz respeito à atuação, nada mirabolante. Ashton Sanders trabalha em um protagonista frio, sem muitas emoções que lembram sua personagem em Moonlight, enquanto Jeffrey Wright faz o papel de um pai nada cordial, empático. Já Kelly Jenrette, que dá vida a mãe do jovem preso, marca presença sem grandes destaques.

Enfim, Dias sem Fim produz debates e reflexões sobre a sociedade, questiona a falta de políticas públicas e o problema cultural da violência em regiões vulneráveis.

Avaliação: ⭐⭐⭐
Pra quem curte: Drama
Pra assistir com: Sozinho
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