Sabores do Brasil

Lar, doce lar. Sabe a origem da palavra lar?

No Brasil do século XVIII, as casas não tinham um lugar determinado para a cozinha. O fogo para preparo dos alimentos era feito ao ar livre, nos quintais, segundo costumes indígenas. Dentro das casas, o fogo era aceso em cima do “lar”. Que era uma pedra ou laje chata no chão, origem da palavra lareira, sem chaminé.

Essa e tantas outras curiosidades foram garimpadas de um belíssimo álbum editado pela Embrapa www.embrapa.br e o Ministério da Agricultura e Abastecimento, Terra e Alimento Panorama dos 500 anos de agricultura no Brasil

Este álbum saiu da estante depois da coluna da última sexta-feira, quando posta a questão da comida italiana aqui no Brasil meridional: a colonial mesa italiana tupiniquim, casamento tropicalista da “pastasciuta” com tudo o que os imigrantes encontraram disponível em terras americanas.

Terra e Alimento versa sobre as particularidades da alimentação brasileira. É a história da agricultura brasileira e a cultura alimentar fruto desta história.

Na apresentação, um oportuno esclarecimento: “É difícil considerar ter havido uma ?verdadeira? cozinha brasileira. Seria ela a baiana, como queria Gilberto Freyre, pelo grande predomínio africano? Outras regiões também tiveram a presença marcante dos africanos, e nem por isso abusaram tanto do azeite-de-dendê e da pimenta. De maneira bem ampla e geral, podem-se considerar originais as culinárias produzidas na América, justamente pela junção de produtos e modos de preparo oriundos dos quatro continentes conhecidos na época moderna: a Europa, a Ásia, a África e a América.”

Sobre a nossa cesta básica:

FEIJOADA – Quem foi que disse que o nosso prato nacional foi criado pelos escravos, aproveitando restos da comida do senhorio? A feijoada, o feijão cozido com carne-seca, na verdade é o “cozido português”, em que se misturavam variadas carnes, legumes e hortaliças. O nome “feijoada”, com os elementos que conhecemos hoje, é do século XX, à qual acrescentamos couve, arroz e laranja.

COCO – Não é de origem africana. É asiático. Mas, assim como no Brasil, sua entrada na África foi esplendorosa. Foi através dele que se originaram vários pratos de peixes e uma rica doçaria.

OVO E GALINHA – Os índios não consumiam a carne e os ovos de galinha. Reputavam como venenosos. No Brasil colonial, a galinha e os ovos eram adequados aos doentes em geral.

FRUTAS – “Laranja de manhã é ouro, de tarde é prata, e de noite mata” Pela manhã, em jejum, tudo era bem recebido, principalmente as frutas: “Em jejum, mal nenhum”, dizia o ditado popular.

MILHO – Era menos consumido que a mandioca, base da alimentação. Em muitas partes, era comida de animais como porcos e aves. “Farinha de cachorro”, era como se referiam aos produtos de milho.

ARROZ – Hoje companhia inseparável do feijão, passou a ser utilizado somente no século XIX.

PÃO – No século XIX, com a vinda da corte real, o pão de trigo “francês” dominou o almoço do Brasil, futuramente transformado em café da manhã. Foi quando cozinha brasileira deu adeus à África e caiu nos braços da Europa. Foram introduzidos os livros de receitas franceses e de “bom tom”. A elite, que até pouco tempo comia com as mãos, sucumbiu à cozinha européia. Até então, diz um relato, existia o horrível costume do país, qual seja, o de comer com as mão. Primeiramente tomam entre os dedos um pouco de carne e, depois, legumes e farinha. Mergulham isto no molho ou na sopa, esmagam o conjunto na palma da mão, fazendo um bolo mais ou menos do tamanho de um pequeno sabonete, o qual, assim pronto, levam imediatamente à boca, preparando outro enquanto comem.

Até quarta-feira, quando o governador Jaime Lerner abre a Feira Sabores do Paraná, uma mostra dos produtos da agroindústria familiar, do programa governamental Fábrica do Agricultor.