Nessa Copa, fumante nem mesmo na cozinha

Sexta-feira passada foi o Dia Mundial Sem Tabaco. Uma data extraordinariamente comemorada por muitos. Quando a França, muito justamente, levou fumo.

Tanto fumo, que já há quem defenda botar no calendário essa sexta-feira, 31, como o Dia Mundial do Senegal. Ou, Selegal. Os franceses – passando por um calor senegalesco – não devem gostar da mudança, apesar da ampla maioria deles apoiar o uso amplo, geral e irrestrito do tabaco.

Também não devem apoiar a mudança os antitabagistas de galocha e sem galocha, que até perdem uma boa oportunidade de mostrar ao mundo como parar de fumar numa Copa do Mundo.

PARE DE FUMAR, SEM MESTRE

Um pouco caro, mas bem fácil: basta o tabagista militante comprar uma passagem para a Coréia-Japão. Serão 24 horas a bordo de uma aeronave, sem fumar! Ou mais de 24 horas, caso o inveterado fumante parta do aeroporto de Curitiba, sem teto!

Depois de atravessar o mundo sonhando com uma bagana – peloamordedeus! – o coitado chega, enfim, à Coréia-Japão. Ao levantar da poltrona feito uma sardinha, passa pela alfândega, sai correndo atrás de um táxi, que a Copa já começou faz dias. No táxi, como em qualquer parte do mundo, também é proibido fumar.

Enfim, no estádio: um espetacular campo de futebol, cuja maior característica de modernidade é – exatamente! – NO SMOKING!

Do estádio para o hotel, outro táxi, mais sacrifício, a ânsia por um profundo trago. No hotel, enfim o refúgio para descansar e botar o fuso no lugar, com um detalhe: NO SMOKING, PLEASE!

E assim se passam os dias: pra quem deseja entrar para o time dos ex-tabagistas FC, a Copa 2002 é um santo remédio, um moderno campo de concentração, onde fumante leva uma boa vida de cachorro. Com um agravante: uma ou algumas cervejotas nas arquibancadas, nem mesmo para acompanhar um sanduba de au-au, localmente feito com o próprio au-au.

Enquanto isso, aqui no avesso da terra, os fumantes não podem se queixar, de jeito nenhum. Como se não bastasse a carga horária tabagista normal, tipo um maço e meio por dia, ganharam de lambuja um razoável horário extra de nicotina, com os jogos atravessando madrugadas, acompanhando o pingado com pão e manteiga do café da manhã.

Para esses tabagistas inveterados – o colunista, incluso -, o ministério que era do José Serra adverte: se o time do Felipão não der conta do recado, não há pulmão que resista. E o torcedor vai ver o que é bom pra tosse! Quanto ao coração, sendo fumante ou não fumante, o quadro é o mesmo.

Até quarta-feira, no maior sono!