Bye, bye, Playboy

Como já foi dito aqui, se a presidente Dilma e o deputado Eduardo Cunha não saírem pelados na capa da revista Veja, a notícia mais impactante do ano seria a decisão da revista Playboy de não mais publicar fotografias de mulheres nuas em suas páginas. Adeus às genitálias semi- expostas!

Para não deixar por menos, a Editora Abril anunciou o fim da edição brasileira da Playboy. Sem dó nem piedade de sua legião de fãs, vamos ficar não só sem as genitálias semi-expostas, como também as entrevistas, crônicas e textículos (epa!) que marcaram época nas bancas de revistas desse Brasil varonil.

Não só os varões vão sentir falta das capas da Playboy, como também as cafetinas de alto luxo e os milionários da Geração Viagra. Em Curitiba a principal intermediária deste mercado sexual para endinheirados foi a baronesa Mirley, aquela lendária cafetina que tinha o PIB paranaense em sua agenda.

Este mercado nas revistas masculinas funcionava assim: capa da revista Hustler valia 100 dinheiros; capa da Sexy valia 200 dinheiros; capa da Ele &Ela valia 400 dinheiros; capa da Farplay valia 450 dinheiros; capa da Status 500 dinheiros; e a modelo e atriz que despontasse na capa da revista Playboy valia dois mil dinheiros. O dinheiro no caso era calculado em dólares.

Quando uma dessas capas da revista Playboy vinha passar o chapéu (ou o que mais preferir) na praça de Curitiba, a cafetina fazia a lista de pretendentes. Eram senhores acima de qualquer suspeita, galãs acima da meia-idade em busca da autoestima perdida. A fila era grande, o que fazia as garotas da capa passarem pelo menos de uma semana na labuta, com dois programas por dia, no mínimo. As belas recebiam as feras num hotel cinco estrelas, com todas as mordomias ao alcance de um piscar de olhos.

Por verdadeira, uma cena a constar nos anais da edição brasileira da revista Playboy: esticado na poltrona do sagrado recesso do lar, aquele senhor de meia-idade chama a distinta esposa e, apontando a capa da revista Playboy, dispara todo orgulhoso:

– Dormi ontem com essa capa da Playboy!

A patroa , incrédula, responde:

– Vai te olhar no espelho, exibido!

Para a Geração Viagra, dormir com uma capa da Playboy era um desejo acima de qualquer suspeita doméstica. E para os que estão chegando agora na festa é mais um sonho que vai passando.