Wilson, o salvador

Para os coxas, foi um jogo de enfarte. À essa altura, quando a alma já estava sob encomenda, deve ser tratado como um fenômeno. Se há exagero contra a natureza, então, tratemos como fenômeno sobrenatural.

Os coxas não devem lembrá-lo como um grande jogo, embora tenha sido uma portentosa vitória. Seria pouco. Deve ser lembrado com o simbolismo que existem em vitórias que em um dado momento se tornam improváveis, próximas do impossível.

A marcha descompassada do placar é que traduz esse simbolismo. O Coritiba ganhava de 1×0, de 2×1, e entre esses momentos, Diego Souza cobrou um pênalti que Wilson defendeu. Depois, o Coritiba perdia de 3×2, 3×3, e entre esses momentos, Diego Souza bateu outro pênalti e Wilson defendeu. Só que esse Wilson vai além: virou santo e fez um milagre de sair do chão e pegar a bola de rebote que mortalmente saíra do pé do mesmo Diego.

Para homenagear Wilson, o menino Yan fez o quarto gol e deu uma folga (talvez definitiva) para os sentimentos doídos dos coxas.

Ambiente medieval

Começou com Mário Celso Petraglia tratando a torcida como gado, e avançou com Paulo Autuori pregando-lhe a identidade de covarde. E, agora chegou a vez do Fabiano Soares: influenciado por essas mentes autoritárias, o treinador do Atlético passou a cuspir nos princípios civilizatórios que parecia dotá-lo de diferenças. Contrariado com os pedidos da arquibancada, mandou Gedoz entrar em funções defensivas, só para provar de que não é jogador para o Furacão. Irritado com a pergunta de que Gedoz jogou só 20 minutos, respondeu: “Craque precisa só de cinco minutos”.

Se as razões fossem apenas técnicas, Fabiano estaria absolutamente certo: Gedoz é a mentira que é regada nas farras noturnas de Curitiba para jogar 20 minutos. Mas ocorre que Fabiano afastou-se das questões técnicas, para provar ao patrão que já aprendeu a lição de arrogância.

Entrar na Baixada, parece recuar no tempo, inclusive na cultura da civilização. Ambientada em feudalismo medieval, qualquer um sente-se reprimido, daí com medo de manifestar-se. E Nikão está certo: esse ambiente de tensão repercute dentro de campo. Petraglia precisa dar um fim urgente a esse estado de coisas.

E, se não bastasse, o time do Furacão adotando a preguiça de Guilherme como regra, foi incapaz de jogar o mínimo para ganhar de uma pobre Chapecoense, 0x0.