Surpresa

O Atlético passou o dia de ontem em silêncio. A FPF também. Como o silêncio, às vezes, provoca mais que qualquer palavra ou ato, principalmente quando trata da dúvida sobre o estádio onde o time de maior torcida irá jogar, pus-me a pensar.

No aspecto processual, não pode o TJD arbitrar outro valor a título de aluguel para o Atlético pagar o uso do Couto Pereira. Mas também, a FPF não tinha esse poder e arbitrou o valor da locação em 30 mil reais. Como o julgador pode intervir para alcançar o que entende justo, pode preterir a forma processual.

Quero dizer o seguinte: não se surpreenda o torcedor se o presidente do TJD, Dr. Peterson Morosko, ao despachar hoje, revogar em parte a liminar, e mantiver a requisição do Couto arbitrando um outro valor até o julgamento do mérito.

Futuro ex-ídolo?

Para manchar a imagem de um ídolo com origem em um clube, convide-o para iniciar a carreira de técnico neste clube. É que a figura do ídolo não se dissocia da do técnico. Na busca da experiência, a figura do técnico absorve a do ídolo, e a tendência natural que é a derrota, afoga os dois.

Ninguém foi mais ídolo no Paraná do que Saulo, o Tigre. Depois de Saulo, Régis. O grande goleiro nunca teve a chance de ser treinador, embora acenasse com este desejo. Saulo foi treinador. Mas por mais que o ídolo fosse superior, a derrota em campo o tornou comum como qualquer outro.

Sob o pretexto de causar impacto popular, a nova diretoria do Paraná contratou Ricardinho. Bem analisada a decisão, contratou-se mais um ídolo do que um treinador, pois o ex-jogador vai começar uma carreira.

Para quem busca reformular e dar a estrutura que há anos se promete no futebol do clube, a contratação é carregada de dúvidas. Antes de mostrar que entende de futebol, Ricardinho precisa provar que aprendeu, na execução da vida, que sem lealdade não há futuro. Porque o treinador, antes de ganhar crédito do jogador pela capacidade, precisa ganhar a confiança pessoal.