Sabedoria

Já tive a humildade de escrever que se soubesse de tática de futebol como Sicupira e Valmir, seria o melhor crítico do universo. Como estou bem longe desta sabedoria, procuro acomodar-me dentro dos meus limites.

Às vezes, por mais vontade que tenha, não consigo entender os treinadores. Deus é testemunha, e os leitores, também, o quanto sou solidário a Mário Sérgio Pontes de Paiva, aqui neste canto e em cada esquina que sou provocado por um torcedor atleticano.

Mas como todo treinador, principalmente se é genial, Mário Sérgio me aborrece. Depois de quinze dias com o time à sua disposição só para treinamentos, na véspera de enfrentar o Cruzeiro, fala sem nenhum constrangimento, que ainda está em dúvida sobre o que é melhor para o Atlético. Não sabe, entre outras coisas, se joga com três zagueiros ou não; se com três ou dois atacantes.

Das duas, uma: ou o grande treinador está escondendo o jogo ou está perdido diante de tanta carência individual. Esconder o jogo não pode, porque só se esconde quando existem opções técnicas exuberantes para criar situações táticas surpreendentes; perdido, não sei, porque não existe razão para alcançar este estágio. Mário precisa se convencer de que como pegou o time e no estado que está o Atlético sob o aspecto de gerenciamento e futebol, qualquer benefício que conseguir é grandioso.

O que Mário Sérgio não pode é circular entre dúvidas e apontá-las. Ele é a última tábua de salvação para uma campanha digna. Se provoca dúvidas a si próprio, cria insegurança nos jogadores e na torcida.

Mário Sérgio é o único no Atlético que não pode afirmar que tem dúvidas, mesmo com o direito de tê-las. Principalmente depois de quinze dias de treinamentos e às vésperas de enfrentar o poderoso Cruzeiro.

Bom senso

Contrariando o meu texto, recebo a seguinte crítica: jogar o clássico entre Paraná e Coritiba, no Couto Pereira, é questão de bom senso. Usou-se como exemplo os grandes clássicos de São Paulo, que são mandados no Morumbi.

Não tratei da existência ou não de bom senso na atitude do Paraná. É evidente que existe. Usei a atitude para contrariar uma interpretação do conceito técnico de inversão de mando. Só sob este aspecto. E inversão houve, ninguém pode negar.

Se o Pinheirão estivesse liberado, o Paraná jogaria no Couto Pereira? É evidente que não. E aí faltaria bom senso?

Os conceitos para alguns são manipulados de acordo com as conveniências. Não deveria ser assim, principalmente o do bom senso. Ou existe ou não existe.