Retrato (em vermelho e preto)

Abro a Tribuna e vejo uma foto em que Alex Mineiro e Alan Bahia estão brincando com o cinegrafista Gabril, da TV Iguaçu. Mais do que retratar uma amizade, a foto é o retrato absolutamente fiel da atual vida do Atlético: a interpretação que se dá à dinâmica da foto é a de indiferença a um estado deteriorado e que dá angustia a um povo. Alex Mineiro e Alan parece que jogam em times que lutam pelo título. Existe uma cena no filme “Atrás da Linha Vermelha”, em que os soldados americanos são obrigados a rir para mostrar confiança e superioridade aos japoneses.

Psicólogos ensinam que nem sempre a descontração é necessária e tem o significado de tranqüilidade. O excelente Emerson Leão não é um grande treinador apenas por conhecer futebol. Mas por impor respeito e responsabilidade. No caso do Atlético, é a foto que mostra a indiferença do clube, com traços fortes de irresponsabilidade. Dá-se de ombro para a derrota.

Não deixar o Atlético ir para a segunda divisão é o objetivo natural dos jogadores, presume-se. Mas não objetivo de ideal. O natural nasce da pressão das circunstâncias externas; o ideal do ambiente de seriedade, de responsabilidade e do valor pessoal de cada um.

Não culpo os jogadores por aparecerem rindo, alegres e descontraídos em época de guerra. Eles são vítimas do sistema, que é comandado por uma paixão duvidosa. Foram acostumados que o Atlético nada mais é do que trânsito para serem peças da engrenagem de negócios.

É assim que o Atlético joga amanhã no Pacaembu contra o Corinthians.

Excesso

A dieta começa quando o excesso de gordura acaba, aprende-se na fenomenal “A dieta revolucionária do Dr. Atkins”. O excesso que tinha para queimar, o Coritiba já queimou. Perder para um concorrente direto como perdeu para o São Caetano, obriga a ser menos presunçoso. Por isso, o grande jogo de hoje no Couto Pereira contra o Santos teve descaracterizada sua natureza de normalidade. O que estaria num plano lógico (qualquer resultado seria normal), passa a ser o indicativo final para ganhar a vaga da Libertadores. Explica-se: ninguém ou quase ninguém irá ganhar mais do evolutivo Santos neste campeonato. Diego e Robinho pararam de fazer festas para voltar a jogar futebol. Vencendo, o Coritiba irá compensar os pontos que perdeu para o São Caetano.

Sabe-se que o maior problema não é matemático. Não são os números que assustam, mas a incontrolável queda de rendimento do time. Por mais que se queira esquecer, não há como dissociar esse momento inseguro com a saída de Tcheco. Refletiu em todos os setores e embora pareça contraditório, muito mais na defesa. É que sem Tcheco, a posse de bola diminuiu, o que implica na retomada pelo adversário e a pressão em cima de uma defesa veterana e lenta.

Bonamigo está submetido a este desafio. Perder hoje terá o significado de desastre. Dieta séria não começa na segunda-feira. Ganhar hoje, é fundamental.