Pesquisa

Para tornar Mário Celso Petraglia irado nunca precisou muito. Uma pesquisa de opinião, por exemplo, que concluiu que a maioria dos curitibanos é contra a Copa do Mundo, desta vez foi o bastante. Atacando de todos os lados, o presidente do Atlético se rebelou, colocando em dúvida o instituto e a imprensa.

Eu acredito na pesquisa, como acredito em toda pesquisa. Não há nenhuma referência histórica de erros em sequência, e que os raros erros foram dirigidos por tendências maliciosas.

Petraglia é um homem soberbamente inteligente, ninguém pode negar. Mas qualquer um quando perde o controle, perde a razão. A questão não era o resultado em si. Ser contra ou a favor da Copa do Mundo é irrelevante a essa altura, em que Curitiba foi confirmada, que a Baixada está construída e ficou bela e formosa, e que os russos estão chegando. O que eu quero dizer é que Petraglia não precisava ter essa explosão.

Aliás, qualquer pesquisa de opinião que tenha como tema o futebol não pode ser encerrada na frieza dos números. Já está provado, por pesquisas anteriores, que o povo de Curitiba é o que menos gosta de futebol. E quem gosta, tem o Flamengo e o Corinthians na preferência.

Tendo esse fato relevante como referência é absolutamente lógico, portanto, que a conclusão sobre a Copa do Mundo tenha uma tendência negativa. O resultado de qualquer pesquisa é consequência do ambiente em que ela é realizada. O ambiente no Brasil é de puro pessimismo e revolta. Veja só o que anda acontecendo em Copacabana, em que o combate ao crime está transitando para uma espécie de guerra civil.

Petraglia tem que concordar que a realização da Copa do Mundo passou a ser tensa a partir da escolha da Baixada como o local dos jogos. Despertou-se o elemento principal da rivalidade, que é o desejo ao fracasso alheio. As variações sistemáticas do valor da obra da Baixada, a compra das cadeiras da empresa do seu filho, a compra das lâmpadas do sistema de iluminação da empresa de Márcio Lara, que é um dos vices do clube, o confronto com Beto Richa, obrigando o governador a provocar o público para dizer quem “era o mentiroso”, o erro administrativo que mandou dinheiro da CAP S/A para o Vitória para pagar jogador, a carta do engenheiro chefe (por coincidência o seu genro) sugerindo a paralisação das obras.

Veja o leitor se eu não tenho razão: se havia um item que não poderia dar problema era o das cadeiras, em razão das circunstâncias que marcaram a compra. Poderia ser na cobertura, no piso, no gramado, em qualquer lugar. Menos nas cadeiras. Mas só agora se sabe através do engenheiro chefe, que 17 mil cadeiras estão com “problemas técnicos”.

Nesse ambiente não há pesquisa que aponte uma tendência positiva.