Os guris

Na Baixada, Atlético 2×0 Coritiba.
Com a emoção já sem controle, o presidente Rogério Bacellar, após a derrota para o Asa, entrou nos vestiários do Coritiba, e falou: “Só falta vocês perderem para os guris do Atlético. Será o fim.”
Pois é, aconteceu: com um time que parecia ter saído do berço, que para ser reserva em estado puro, usou até o assistente de Autuori na área técnica, o Furacão humilhou o Coritiba. Não há nada no futebol que humilhe tanto, como um gol em que o atacante entra com bola e tudo. E Luís Henrique entrou.
Com espírito de Atletiba, os guris foram à exaustão para manter a disciplina tática. O Furacão deu o campo, deu a bola e de bandeja deu chances para os coxas. Até o pênalti que Kleber, outra vez, perdeu. Só não deu a sua grande arma: a consciência de que era válido correr o risco, para atacar pelo melhor dos caminhos, o contra-ataque. Crysan marcou o primeiro e depois veio o gol antológico (o com bola e tudo), de Luís Henrique. Quando viram, Wilson, Juninho, Carlinhos, Jonas, Neto Berola, Rildo e Kleber, velhas cobras criadas, estavam submetidas aos guris que Bacellar tanto temia.
E desta vez, não teve Carpegiani para culpar. E nem pode culpar Pachequinho, porque ficou provado que o Coritiba, em crise de autoridade, contrata para atender mais interesses individuais do que da instituição.
Wanderson, que zagueiro! Foi o melhor em campo.

Engenheiros

É assustador o laudo oficial do Departamento de Patrimônio do Coritiba: conclui “como crítico o estado da curva dos fundos”, do Couto Pereira. E vai mais além: o grau de risco “crítico” pressupõe “impacto irrecuperável, relativo ao risco contra a saúde, segurança do usuário e do meio ambiente, bem como perda excessiva de desempenho, recomendando intervenção imediata”.
A diretoria do Coritiba, em nota oficial, garante que “o laudo confere condições de operação do estádio Couto Pereira”. O laudo afirma uma coisa e a diretoria interpreta outra. O que um cartola entende como “estado crítico”? No caso, significa grave, perigoso.
E há mais um fato, que entendo ser o mais relevante: se esse “estado crítico”, pode ser amenizado, não será a diretoria a fazê-lo. Falta-lhe capacidade técnica para avaliar. Quem tem que interpretar o laudo são os agentes estatais legitimados por lei. Se não consegue montar um time de futebol, como é que a diretoria vai interpretar laudo de engenharia?