Obrigação

Conheço bem o Atlético. Esse seu silêncio que tenta negar que as dúvidas sobre o futuro de Doriva no comando técnico, não é seguido de amém, como se fosse música de João Bosco.

Conheço bem Petraglia. Esse seu silêncio só se projeta para fora do Caju. Lá dentro se faz ouvir. Não se deve ter dúvida de que ele, se não falou pessoalmente com Doriva e os jogadores, mandou recado: amanhã, o Furacão tem que vencer. Porque precisa vencer, porque joga na Baixada e porque joga contra o Botafogo, time que corre o risco de passar fome.

E nem precisava da ordem do único comando. Se Doriva e os jogadores tiverem consciência de que essa necessidade vai bem além da obrigação natural, as coisas podem ficar menos difíceis. Mas não pensem os atleticanos que o Botafogo é descartável em um jogo natural. Mancini é o técnico, a defesa comandada pelo goleiro Jefferson é forte (Dória é excelente), tem um menino de nome Gabriel que é acesso, Emerson Sheik, uma cobra criada, a Estrela Solitária e um orgulho ferido pela humilhação de viver com o pires na mão pedindo por moedas.

Desde que se conscientize de que não pode abrir a proteção da área para a zaga que tem, o Atlético pode voltar a vencer. E para isso excluindo Deivid, Otávio tem que voltar ao lado de João Paulo.

Conheço bem o Atlético. Historicamente, a pressão, às vezes, lhe faz bem.

Excesso

Não conheço todos os defeitos do treinador Celso Roth, do Coritiba. Mas é possível conhecer uma de suas virtudes: a consciência que tem quando seu time é limitado pelos recursos individuais. Parecendo na contramão da nova ordem tática, que para atacar incentiva o equilíbrio entre todos os setores do time, Roth escalou o Coritiba com 6 jogadores de meio campo para enfrentar o Fluminense, no Maracanã. Despreza Keirrison de início, talvez, querendo ser coerente com o que falou sobre o atacante.

Não conheço todos os defeitos do treinador Roth. Mas desprezar Keirrison, sem ter outro atacante é um orgulho deformado escondido por uma suposta coerência. Seria só consciência de Roth da limitação dos recursos que tem, ou porque seria falta de cultura tática pessoal para criar uma boa situação eventual?