Opinião

Balanço financeiro do Athletico é de provocar lágrimas

Dívida da Arena da Baixada não entra no balanço do Athletico, mas sim da CAP S/A. Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Visto com os olhos de um torcedor apaixonado, o balanço contábil do Athletico de 2019, é de provocar lágrimas. Visto pelos olhos da razão, provoca uma dúvida: como se explica que, um clube que tem o espetacular lucro de R$63 milhões, está com todo o seu patrimônio indisponível, inclusive, a “joia da coroa”, a Baixada, para garantir uma sentença judicial, que onera o clube em R$620 milhões? 

A explicação imediata é a de que o balanço do Athletico é um e o balanço da CAP S/A é outro. Como diria o saudoso comentarista Juarez Soares, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Não entendo assim. São balanços distintos contabilmente, mas, coligados juridicamente, em razão da relação entre Athletico e CAP S/A, que faz aquele ser sócio de 99% dessa. Se não fosse essa coligação, o patrimônio do Furacão não teria sido aceito para garantir a execução da Fomento. Então, não precisa ser nenhum mago das finanças para afirmar que uma coisa (Athlético) é a mesma coisa (CAP S/A). 

Como é certo que a dívida da Baixada irá ser resolvida (não há como se pensar ao contrário, não é Petraglia?), é possível adotar a tese da separação dos balanços. E, aí, nem precisa de olhar apaixonados para chorar de emoção. É que o significado maior do valor de R$63 milhões não está na sua natureza monetária, mas, no estágio de grandeza que alcançou o Athletico Paranaense. 

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 Marias e Clarices

Quando um dia resolveu escrever para consolar Clarice, a mulher de Herzog que foi embora num “rabo-de-foguete”, Aldir Blanc foi além do ponto que se espera de um mortal. Entregou os seus versos para Bosco musicar, e mandou-os para Elias Regina cantar. Resultado: “O Bêbado e o Equilibrista” entrou na vida do brasileiro. Não teve e, não terá um brasileiro, que um dia não cantou, ou que um dia não irá cantar esse que deveria ser escolhido como nosso segundo hino.

Só para começar Aldir escreveu, assim: “Caía a tarde feito um viaduto. E o bêbado trajando luto me lembrou Carlitos. A lua, tal qual a dona de um bordel, pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel”.  

Li uma notícia que, ontem, Aldir Blanc faleceu. Pergunto: alguém que faz “O Bêbado e o Equilibrista” tem a capacidade de morrer?