Lógica

Uma derrota na Arena do Grêmio sempre está no campo da lógica. Mas não foi só por isso que o Furacão perdeu esse jogo, 2×1. Sou capaz de afirmar que no primeiro tempo, o Atlético teve momentos tão interessantes que essa lógica passou ser irrelevante. Não era brilhante, mas era correto, levando a partida para uma direção de equilibrio.

Mas, aí, apresentaram-se as verdades escondidas pelas emoções dos jogos da Baixada: a falta de um meia que imprima cadência.

Com Ytalo de cara, Felipe e Giovani depois, a derrota para um time como o Grêmio tornou-se absolutamente normal. E não pela lógica, uma coisa abstrata, mas qualidade técnica, um fato concreto. Sem o meia de categoria, surgiram as consequências anunciadas: Walter, ontem adormecido, parecendo ter saído de uma costelada na Velha Napolitana, ficou isolado; e Nikão, o melhor do time, obrigado a ser meia e atacante, chegou cedo a exaustão, batendo-lhe o cansaço. E há que considerar o equívoco do treinador Milton Mendes, que ao excluir Douglas Coutinho trocando-o pelo inexpressivo Felipe, fez o jogo do Grêmio, atraindo-o para o ataque.

Agora é o Atletiba na Baixada.

É possível afirmar que o Furacão vai dividir as suas águas neste Brasileiro.

Bombeiro

Os coxas entraram para jogar contra o Flamengo já em chamas. E logo descobriram que Ney Franco, seu novo treinador, lembra aquele bombeiro prestes a se aposentar: o braço balança demais a mangueira, porque os olhos cansados distorcem as imagens. Para ganhar (1×0) jogando com dez durante 60 minutos, o Flamengo não precisou ir além do razoável, o que para ele, sem recursos técnicos, também, é um sacrifício.

Já tinha escrito: ao demitir Marquinhos Santos, o Coritiba pode ter resolvido um problema; mas, ao contratar Ney Franco, arrumou um problema maior. Não imaginava que o problema seria tão grande. É que Ney, por ter uma personalidade reprimida é incapaz, de intervir imediatamente nos erros táticos, individuais e emocionais do time durante o jogo. Ney lembra, também, o bombeiro inexperiente, que não sabendo, ainda, manusear a mangueira, aumenta o fogo.