Lenda

É um assunto delicado porque pode tocar no orgulho do torcedor. Mas não posso deixar de enfrentá-lo: é sobre a colocação do teto retrátil da Baixada. Não entro no aspecto técnico, pois sou leigo em engenharia, em especial de ponta. Mas há uma referência para oferecer uma opinião sobre o fato em si.

A espanhola Lanik não é uma empresa qualquer. Está entre as maiores do mercado mundial de fabricação, montagem e colocação de teto retrátil. Todo o projeto e a sua execução até antes da Copa do Mundo foi executado em conjunto com a empresa Brafer, de Araucária, uma das mais respeitadas no Brasil do segmento de estruturas. Mas por não ter quitada a dívida com a Brafer, a CAP S/A contratou outra empresa, sem a estrutura necessária para enfrentar a grandiosidade da obra. Só para se ter uma noção da diferença entre quem saiu e quem entrou, o guindaste que, agora, é inapropriado, pois sequer alcança o teto.  Quando os técnicos espanhóis falam de riscos e “que todo cuidado é pouco, pois, estamos tratando de vidas” é porque há riscos potenciais. Os espanhóis estão tendo o bom senso, que parece estar faltando ao comando do clube. A pressa para a finalização da obra é mais por questão de orgulho, do que de necessidade. A publicidade dada à opinião técnica dos espanhóis obriga o Atlético a recuar no caráter urgente que está imprimindo para a obra. Se insistir em fazê-la com esses limites denunciados, dará consciência objetiva aos seus atos. Repito o que escrevi ontem: não se entende a economia de 3 milhões de reais, numa obra que exigiu 400 milhões.  O que o Atlético não pode é deixar um fato sério e belo, se transformar-se em lenda como a do “trator”, que os portugueses teriam deixado no campo, depois de fecharem a construção do Canindé, da Portuguesa.