Guarania

A primeira imagem que se tem é a do romantismo de uma harpa dominada pelos dedos, musicando a poesia de Manuel Ortiz Guerrer, que fala de uma índia das barrancas do Rio Paraná, de cabelos negros como uma noite que não tem luar. Afastando-se de “Índia”, a imagem paraguaia é tenebrosa. A começar pelo seu cavalo, figurante de nossa ironia, provocador de ilusões de vitória: atropela na saída, cria expectativa na reta de chegada, mas nunca chega. Segue com os produtos de zona franca, capaz de lançar desconfiança até em um legítimo uísque escocês. Só não nos abala com o portentoso índice de corrupção. Neste campo pantanoso, o Brasil, que era apenas uma vertente, está se tornando uma matriz a partir de exemplos dados por denúncias contra assessores palacianos.

No futebol, a imagem dos paraguaios mudou por causa de um brasileiro: Paulo César Carpegianni, que os ensinou que futebol também se joga com técnica e disciplina tática. Antes, só corriam. A conseqüência do trabalho de Paulo César foi imediata, com a excepcional campanha do mundial na França, e a classificação para o da Ásia. Mas, como no futebol brasileiro, a exportação em massa de jogadores tornou frágil o produto interno. Não tem um grande time. Até mesmo o Olimpia, que é o resumo do que os paraguaios entendem como nobre, é um time cheio de limites.

O Coritiba já foi goleado pelo primário Sporting Cristal.

Precisa (e pode) ganhar do Olimpia por obrigação e necessidade. Talvez, essa obrigação seja a grande adversária. Se o presidente Giovani entende que o treinador Antonio Lopes não é dependente de resultados, é de se presumir que o time, também, não o seja. A partir desta posição, qualquer resultado é indiferente e absolutamente normal.