Discurso

Já escrevi a razão que não escrevo sobre o Paraná. Não se trata de esquecimento por desprezo, mas por respeitá-lo. Qualquer linha que escrever terá que ser crítica de aparência e fundo negativo. Não é possível dissociar a possibilidade real de queda para a terceira divisão, com o atraso de salário. O mais grave nesse estado é a absoluta falta de perspectiva de solução. É fato: se antes havia o controle no atraso de dois meses, agora passou a ser de quatro meses. Há, portanto, um descontrole, transformando a sensação que está no espírito do jogador, em desesperança.

E o treinador Ricardinho que deveria ser solidário faz o que sempre fez como jogador: usando de um discurso patronal cala os jogadores com o argumento de que eles têm que ser “profissionais”. É possível afirmar principalmente os jovens, que são a maioria, se sentem coagidos com essa pregação do treinador. É muito simples para Ricardinho pedir profissionalismo. Milionário, não precisando do futebol para viver, usa o cargo apenas para ocupar o tempo.

Ricardinho ignora o fato de que são jovens iniciantes, que ganham salário mínimo de atleta, e que por isso, não tiveram chance e tempo de fazer uma poupança. Não são jogadores já com a vida estabilizada, com a capacidade financeira de absorver atrasos, embora esse motivo não se preste, também, para justificar a irresponsabilidade do dirigente. Repito: são crianças que precisam levar comida para os pais e irmãos.

Não duvidem os torcedores do Paraná. Sendo a voz da diretoria para justificar o atraso, Ricardinho está concorrendo para a atual situação do clube. O Paraná joga contra o Atlético-GO, na Vila.

Antes do Paraná, Ricardinho precisa ganhar.