Contos da vida

Não é fácil lidar com o passado. Às vezes, o egoísmo de fazer o presente prevalecer, como se ele encerrasse a verdade, usar o passado como âncora para referências, sugere para os modernistas uma incursão conservadora, no sentido de velha.

Não há nada melhor do que existir um passado para lidar, mesmo enfrentando o perigo da memória. Mas não basta apenas tê-lo. É necessário alguém que o conheça, vá buscá-lo e tenha a sensibilidade para contá-lo.

Hoje, não há ninguém melhor do que o jornalista Edilson Pereira, da Tribuna do Paraná. Edilson é uma dessas preciosidades que o jornalismo moderno raramente não consegue produzir. Por ser culto e sensível, é capaz de fazer de um fato comum, uma história inesquecível.

Edilson vem contando histórias que voltam a dar vida ao nosso mundo, que às vezes, por falta de novidades anda adormecido. Um dia desses contou uma história, com a qual estava se cometendo um crime, que é o esquecimento: a de Zé Roberto, do Atlético, mas muito mais dos coxas. Ontem foi a vez de lembrar Leocádio. Como as gerações de coxas de hoje e do futuro podem torcer pelo clube sem saber quem foi Leocádio?

Mas, Edilson não me comove só por contar histórias dos ídolos do meu tempo de ilusão. Suas crônicas diárias que contam coisas da vida, nos conduzem para um mundo real. O seu texto é daqueles que a gente gostaria de seguir em frente após terminar. Se encanta, às vezes nos maltrata. É tão real, que parece que cada um de nós, por um motivo qualquer, somos personagens que saímos dos seus contos.

Perguntarão: por que escrever sobre Edilson?

É , que hoje eu precisava falar de alguém que me faz bem.