Opinião

Um tapa na cara de Petraglia

Foto: Albari Rosa/Arquivo/Tribuna do Paraná.

Solidário a Hélio Cury, presidente da Federação Paranaense de Futebol que propõe levar o saldo dos jogos do Estadual para Santa Catarina, Mário Celso Petraglia, presidente do Athletico, falou na Transamérica: “uma boa idéia jogar em Santa Catarina e que seria um tapa na cara dos politicos do Paraná”.

Uma referência que usa o artificio da generalidade, autoriza ser interpretada para se concluir pelo específico. Embora não tenha citado os nomes dos “politicos do Paraná” que merecem “um tapa na cara”, Petráglia pretendeu alcançar o governador Ratinho Junior e o prefeito Rafael Greca.

Há uma lógica nessa conclusão: sendo Ratinho e Greca os únicos responsáveis pelas medidas restritivas, aliás, absolutamente corretas, que impedem os mais diversos segmentos de atividades para combater a Covid-19, a proposta do cartola teve essa direção específica.

A expressão “um tapa na cara” tem vários sentidos. Na linguagem adotada pelo cartola foi o de representar a figura da submissão à vergonha, o desprezo, e o constrangimento público. Mas, pelas circunstâncias em que a usou, Petráglia fez o seu sentido figurado, carregar mais intolerância e violência do que o ato de uma agressão física.

De Hélio Cury ameaçar levar o Estadual paranaense para ser jogado em Santa Catarina, não me surpreende. Sempre o identifiquei como um “elefante em uma loja de cristais”. Com dificuldades extremas para raciocinar, as suas propostas são a expressão das coisas irracionais.

Mas, Petraglia?

Será que o dono do Athletico falou com a consciência de que o “tapa” seria na “cara” de Ratinho e de Greca? Como ser solidário a um “tapa na cara” dos dois governantes que atuam pela proteção da vida das pessoas, e aos quais ele, Petraglia, implora clemência para transigirem com a divisão do valor dos gastos para a construção da Baixada?

Entrando na esteira da ignorância diretiva de Hélio Cury, Petraglia fez um estrago ao torcer por um “tapa na cara” de Ratinho e Greca. Ao invés de exercer uma liderança junto aos agentes públicos, provando que os clubes já adotam e executam medidas médicas e sanitárias, constrange-os publicamente. Se Ratinho e Greca já tinham motivos médicos, sanitários e sociais para deixarem o futebol no sofá, agora têm um motivo político. Qualquer transigência vai ser má interpretada por outros

segmentos. Irá se criar um precedente que permitirá que todos peçam o relaxamento para tudo.

Esse comportamento verbal de Petraglia é estranho, próprio de alguém que fala o que não pensa, ou que não sente, ou que está fora do seu raciocínio normal.

Petraglia deu um tapa na sua própria cara.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna