O “meu” Furacão

Foto: Albari Rosa.

Um dia desses, André Pugliesi, editor de esportes da Gazeta do Povo, convocou-me para escolher o “meu” Athletico de todos os tempos. O encanto da proposição do grandioso jornalista, foi o fato de que a escolha poderia alcançar os jogadores campeões da Sul-Americana (2018) e da Copa do Brasil (2019).

Foi esse o “meu” Athletico: Caju, Djalma Santos, Nem, Alfredo Gottardi e Renan Lodi, Bruno Guimarães, Kleberson e Sicupira, Alex Mineiro, Jackson do Nascimento e Nilson Borges. No comando desse time, Tiago Nunes. Ainda não havia nascido, quando Caju e Jackson já tinham escrito a história. Logo, ainda, vivos, (Jackson vive), tornaram-se lendas.

Inspiro-me na lição do diretor de cinema John Ford ao arrematar o épico “O Homem que Matou o Facínora”, “Aqui é o Furacão, senhor. Quando a lenda é maior que o fato, publique-se a lenda”. Djalma Santos é símbolo de uma época. Bicampeão do mundo, escolheu o Athletico para o seu adeus. Pelo mesmo simbolismo, o zagueiro central seria Bellini, se não fosse tão forte a imagem do capitão Nem levantando a taça do título mais importante da história do clube, a do Brasileiro de 2001. Alfredo Gottardi, filho de Caju, era o que o saudoso Alfredo Ramos, o técnico o puxou para a quarta zaga, em 1970, dizia: “é craque em estado puro”.

Kleberson entra nesse Athletico não só pela sua capacidade de jogo, mas, também, por ser um símbolo da história do futebol paranaense: o único jogador que saiu de um clube paranaense, o Athletico, para jogar e ser campeão do mundo (Japão, 2002). Sicupira e Alex Mineiro, me obrigam a alterar a lição de John Ford: “Aqui é o Furacão, senhor. Contra números, não há lenda”. Com 154 gols, Sicupira é o maior artilheiro da história do Athletico. Com oito gols em quatro partidas, Alex Mineiro transformou o título de campeão brasileiro de 2001, em uma verdadeira saga. Um dia, Alex será lenda como Caju e Jackson.

A história parecia ter parado com Nem e Alex Mineiro, em 2001. Mas aí surgiram Bruno Guimarães e Renan Lodi, que foram tão preciosos em 2017 e 2018, que fizeram a história dar um salto. Esse “meu” Furacão é como o amor para Vinicius de Moraes: eterno, enquanto não surgirem os campeões do bi brasileiro ou da Libertadores.