CBF: éramos um exército de um homem só?

Peço a licença para aqui novamente falar um pouco da Copa do Mundo. Não como alguém que vive a realidade desse esporte, como os meus amigos jornalistas aqui da Tribuna, mas como alguém que veio de outros esportes e está muito acostumado a trabalhar com competições, vitórias e frustrações.

É importante que o amigo leitor saiba que não importa se o esporte é coletivo ou individual, se é uma competição de fisiculturismo, futebol, ou xadrez. Uma competição é uma mistura de vários ingredientes, a começar pela expectativa do público em geral, da torcida, dos familiares, dos técnicos, e principalmente dos próprios atletas.

Acontece que, independente disso tudo, a realidade do esporte precisa fluir, e nessa hora expectativas, previsões e achômetros ficam do lado de fora do campo, ou do caso do fisiculturismo, do palco. Ali o que valerá é a raça, o esforço. Não importa a modalidade esportiva: quem tiver superioridade técnica, melhor preparo físico e superioridade psicológica vencerá.

E no resultado final como ficarão as expectativas de todos? Pois todos querem ganhar e ninguém quer perder, ou melhor, admitir que perdeu sim porque foi inferior, mas inferior ‘naquela competição ou campeonato em particular ‘ e não não inferior no esporte, como atleta, pessoa,  ou no nosso caso, País.

Mas eis que nesse ponto entra uma diferença fundamental, pois o fisiculturismo é um esporte Individual, e o futebol coletivo. Logo, as responsabilidades são divididas, e com isso as glórias e as derrotas também. Pelo menos deveria ser assim, para não gerar as situações que estão ocorrendo aqui e que os preparadores estrangeiros cuidam tanto para não acontecer: a supervalorização do individual se sobrepondo ao coletivo.

Pois toda a confiança a mais que o jogador Neymar proporcionou, tanto pelo seu futebol em campo, como pelo peso de sua presença e magnetismo fora dele agora correm o risco de desestabilizar o time de alguma forma nessa altura do campeonato, literalmente.

E o que é pior, será a desculpa perfeita que apaziguará a todos. Afinal de contas, para o público geral desculpas como: ‘culpa da Fifa! quanto os árbitros demoraram pra ver que queriam sabotar nossa copa…‘. Para os outros jogadores: ‘ poxa fizemos todo o possível desde o começo do Mundial, que desde o inicio teve um clima tenso e hostil devido às questões políticas, e além disso nas quartas de final nos acontece isso dessa forma…(Neymar)‘

E finalmente para o próprio Neymar, poderia ter sido bem melhor com certeza. Mas também poderia ter sido bem pior. Sair como mártir do campo de batalha.  

Como observador, acredito que chegamos no ponto mais interessante da Copa, e que a partir daqui poderemos tirar muitas lições para tornar nosso futebol uma potência novamente, ou realmente nos reafirmar como os melhores do mundo mesmo sem a carta coringa, o que provará que nunca deixamos de ser essa potência. Grande abraço!