TV aumenta níveis de violência na sociedade

A revista da Associação Médica Americana, (JAMA) de 10 Junho 1992, vol.267, No. 22, p.3059-3063, publicou um artigo do Dr. Brandon S. Centerwall, médico do Departamento de Psiquiatria e Ciências do Comportamento da Universidade de Washington, Seattle, com o título “Televisão e Violência: A Escala do Problema e Para Aonde Ir Daqui”. Nele verificou-se que a exposição à violência na televisão aumenta a agressividade física nas crianças. Mesmo elas tendo apenas 14 meses de idade, observam e incorporam comportamentos vistos na televisão. É citado outro estudo no qual se comprovou que de 22 a 34% de jovens rapazes que haviam cometido crimes violentos tais como homicídio, estupro e assalto, tinham conscientemente imitado técnicas de crimes aprendidas em programas de televisão.

Este mesmo estudo mostra que nos Estados Unidos após a entrada da televisão os lares, a taxa de homicídios aumentou 93%! Em 1945 ocorriam 3 homicídios para cada 100 mil habitantes brancos, e em 1974, 5.8 para cada 100 mil. Na África do Sul, quando a televisão foi banida, este índice caiu 7%: em 1953 houve 2.7 homicídios para cada 100 mil brancos, enquanto que em 1958 caiu para 2.5 entre 100 mil pessoas. No Canadá houve o mesmo que nos Estados Unidos com o advento da televisão, já que a taxa de homicídios aumentou 92%, pulando de 1.3 homicídios por 100 mil habitantes em 1945, para 2.5 em 1974. Na África do Sul, a televisão chegou em 1975 e em 1983 o índice de crimes havia aumentado em 56%. Comparado com a taxa de 1974, naquele país houve aumento 130% em 1987.

O autor levanta a idéia: o negócio da televisão não está na questão de vender programas para audiências, mas sim no vender audiência para propagandistas. “Questões como ‘qualidade’ e ‘responsabilidade social’ são inteiramente periféricos para o fato de maximizar o tamanho da audiência dentro de um mercado competitivo e não existe melhor fórmula tentada e verdadeira do que a violência para gerar grandes audiências que podem ser vendidas para propagandistas”, afirma o Dr. Centerwall. Se a audiência da TV cai 1% isto pode significar uma perda de 250 milhões de dólares anuais em propaganda.

Este trabalho científico recomenda: 1)para crianças, menos TV é melhor, especialmente a TV violenta; 2)a exposição de crianças à TV deve se tornar um dos itens de saúde pública junto com as vacinas, cintos de segurança, boa nutrição, etc.; 3)os pais deveriam guiar o que e quanto suas crianças assistem na TV; 4)sistemas de bloqueio de horários de canais de TV nos programas violentos; 5)educação do público quanto aos bons hábitos de assistir TV.

A Academia Norte-Americana de Pediatria já em 1990 fez esta declaração oficial: “os pediatras deveriam aconselhar os pais a limitar o tempo que os filhos assistem TV para que fique entre 1 e 2 horas por dia”. Naquele ano, as crianças norte-americanas de 2 a 5 anos de idade assistiam em média acima de 27 horas de TV por semana, ou seja, em torno de 4 horas diárias.