Transplantes de ossos do HC, em Curitiba, enfrentam burocracias

O primeiro banco de ossos do Brasil, o Banco de Tecidos Músculo-Esqueléticos (BTME) do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), enfrenta dificuldades para captar e distribuir ossos e tecidos. De acordo com o diretor presidente do banco, o médico Gerson Tavares, além do baixo número de doadores, há uma série de burocracias. ?Para realizar um transplante de tecido, o cirurgião e o hospital precisam estar cadastrados no Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde?, destaca.

Tavares explica que, para efetuar o cadastro há uma série de implicações, entre elas a comprovação de capacitação. ?Muitos médicos optam por não fazer o cadastramento junto ao Ministério, devido às dificuldades burocráticas a cumprir e o tempo que isso leva para se concretizar?, revela.

Além da quantidade de médicos aptos a realizarem os transplantes ser pequena, o número de doações também não é considerado suficiente. ?Hoje podemos oferecer ossos e tecidos para 1.500 transplantes por ano, com o aumento do número de doações a quantidade de transplantes também aumentaria, diminuindo o tempo de espera dos pacientes? , afirma o médico.

Dos seis bancos de ossos do país, o Banco de Tecidos Músculo-Esqueléticos do HC é o que mais capta doares. Em 2005 o banco efetuou 39 captações, enquanto outros bancos juntos não atingiram nem metade desse número. Por exemplo, no Rio de Janeiro foram três, em São Paulo dez e em Santa Catarina apenas duas captações de doadores no ano passado.

Em média, o banco do HC realiza três captações mensais, cada uma delas pode beneficiar cerca de 50 pacientes. ?A dimensão do banco é adequada à demanda atual, se tivéssemos mais equipes especializadas realizando captações poderíamos, gradativamente, aumentar o banco?, explica Tavares. No entanto, essa ampliação envolveria uma série de outros fatores que vão desde espaço físico até o aumento do número de profissionais especializados na área.

O BTME é o único banco do país que hoje consegue fornecer tecidos tanto para o hospital em que é localizado (HC-UFPR) como para outras instituições de Curitiba e outros estados brasileiros

Como funciona a captação de ossos

A captação de ossos pode ser realizada em todo o país. Quando surge um potencial doador, o hospital entra em contato com a Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde, que comunica a equipe de plantão do BTME do HC.

A equipe do banco realiza uma triagem, que entre verifica a possibilidade desta doação se concretizar. Após a doação os tecidos ficam em quarentena em um freezer com temperatura de -85ºC, aguardando o resultado de todos os testes realizados, para que estes tecidos possam ser processados e posteriormente liberados para uso.

Para que servem os ossos doados

Eles podem ser utilizados na forma original ou em pequenos fragmentos, nas áreas de ortopedia, odontologia, neurocirurgia, cirurgia crânio-facial, oncologia entre outras áreas da saúde. Os ossos de um único doador podem beneficiar cerca de 50 pacientes, geralmente vítimas de perdas ósseas provocadas por tumores, trocas de próteses articulares, problemas odontológicos, entre outros.

Para doar

Para que a doação seja realizada, precisa haver autorização da família do doador. Além do desconhecimento sobre a possibilidade de doação destes tecidos, muita gente deixa de realizá-la por acreditar que o procedimento irá fazer com que o doador não tenha sua aparência preservada para o velório. A legislação brasileira vigente exige a perfeita reconstrução do corpo do doador, inclusive partes que ficam visíveis a família (mãos e rosto) nunca são tocadas.

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