Todos contra a morte anunciada

Uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e a Associação Brasileira de Medicina Intensiva (AMIB) está permitindo que, pela primeira vez no país, um Estado baixe o índice de mortalidade provocada pela sepse (infecção generalizada) nos leitos de UTIs de hospitais públicos. Trata-se do Programa de Otimização do Tratamento da Síndrome Séptica (POTTS), destinado a adotar procedimentos clínicos básicos na rotina dos plantões, para evitar que um foco infeccioso evolua para sepse grave e se torne fatal.

A apresentação do programa de tratamento da infecção generalizada será feita na "Escola de Governo", da TV Educativa, tendo como convidada a AMIB (Associação Brasileira de Medicina Intensiva). Na abertura do evento, o secretário estadual de Saúde, Cláudio Xavier, mostrará os dados preliminares do controle da sepse na rede pública do Estado, a partir da implantação do Programa de Otimização do Tratamento da Síndrome Séptica (POTSS).

Na ocasião, o presidente do Fundo AMIB para a Educação, Cid Marcos David, falará sobre os resultados do mais recente estudo epidemiológico nacional que mostra a realidade da doença no país, denominado Sepse Brasil.

Conscientização popular

A sepse mata mais de 400 mil brasileiros ao ano. Ao lado da Malásia, o Brasil detém o título mundial de casos de morte devido aos casos mais graves. A metade desses casos poderia ser evitada se exames clínicos simples fossem realizados nos plantões, imediatamente após a recepção do paciente pelo pronto-atendimento. Isso só não acontece porque apenas 25% dos médicos sabem identificar com exatidão até mesmo os casos mais leves da doença.

Além do preparo dos médicos, a conscientização da comunidade é considerada fundamental para ajudar a salvar vidas e evitar complicações provocadas pela doença. A febre acompanhada de alteração da consciência, manchas na pele, diminuição da pressão arterial, falta de ar e diminuição na produção da urina, são sinais de alerta importantes que devem ser relatados a um médico ou aos responsáveis pelas unidades de saúde.

Pioneirismo

O secretário estadual de Saúde, Cláudio Xavier, lembra que o projeto piloto introduzido no Paraná nasceu da necessidade de se encontrar alternativas para resolver o problema grave de filas e do alto índice de mortalidade verificado nos leitos de UTIs. Sua instalação se deu no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que adotou as recomendações baseadas em protocolo internacional, no sentido de reconhecer e tratar a sepse o mais rapidamente possível. Posteriormente, a iniciativa foi estendida também ao Hospital do Trabalhador, Hospital Estadual de Cascavel e Hospital Estadual de Londrina.

O chefe da UTI adulta do Hospital de Clínicas, Álvaro Réa Neto, explica que o protocolo baseado em critérios simples de verificação da história clínica do paciente deveria ser rotina em qualquer pronto-socorro. Além desses procedimentos, um "pacote" de medidas introduzidas na rotina do hospital procura garantir o combate imediato a um foco infeccioso. O objetivo é que em pouco tempo as próprias famílias passem a desconfiar dos sintomas em pessoas com algum tipo de infecção e busquem rapidamente ajuda médica.

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