Terapias celulares podem salvar vidas

O Hospital Pilar, de Curitiba, trouxe ontem o especialista argentino em imunopatologias Gustavo Moviglia para apresentar e discutir novas alternativas para o tratamento de alguns tumores cancerígenos, esclerose múltipla e lesões traumáticas da medula espinhal. Os tratamentos são com base na terapia celular (trabalho com as células do próprio corpo, embrionárias, de doadores ou animais que ajudam no combate às doenças e na regeneração). A intenção do hospital é se filiar a uma universidade e fazer intercâmbio dos estudos para atender pacientes brasileiros.

?São células que se coloca no organismo para melhorar ou curar a doença?, resumiu o médico. Moviglia, que já atuou em centros médicos de Atlanta e Michigan (EUA), e que possui suas pesquisas homologadas pela União Européia e pela FDA (agência reguladora norte-americana), ressaltou que atualmente já há terapias celulares que são aceitas pelos protocolos médicos, como em pessoas que possuem artrose e, a partir da cartilagem do próprio paciente, se reproduz o tecido saudável em laboratório e implanta no local. Moviglia preferiu as palestras no 5.º Curso Anual de Atualização em Neurologia, promovido pelo hospital.

Atualmente o médico desenvolve três projetos nesta linha. Na pesquisa oncológica ele trabalha com o uso de células para tratamento de câncer de pâncreas, mama e cerebral. Segundo Moviglia, a expectativa de vida dos pacientes com tumor cerebral em fase avançada é em média um ano e meio.

O tratamento prevê uma cirurgia para retirada do tumor, mantendo-o ?vivo? em laboratório para que se possa estimular uma reação do sangue do paciente contra ele e, assim, extrair uma vacina imunológica contra o tumor. O estudo acontece há três anos e meio e todos os 12 pacientes tratados ainda não apresentaram a doença novamente.

No caso do câncer de pâncreas, como não é possível retirar o tumor, o médico explicou que é possível fazer uma biópsia e com base nisso trabalhar glóbulos brancos em laboratório para que eles combatam a doença. Esses glóbulos são injetados no pâncreas. ?Os pacientes com este tipo de tumor têm em média cinco meses de vida. Todos morrem. Em um ano e meio 75% dos pacientes que tratamos estão vivos e 33% não apresentou remissão da doença?, afirmou.

Outros alvos de pesquisa são desenvolvidos

O imunopatologista Gustavo Moviglia apresentou o trabalho de modificação de células-tronco neurais em laboratório. Elas ganham características neurológicas para depois serem implantadas em pacientes com paralisia em função de traumas da medula óssea. ?Temos oito pacientes em três anos. E todos estão se recuperando?, contou. O médico explicou que o desenvolvimento do paciente é parecido com o dos recém-nascidos.

A esclerose múltipla também é alvo de pesquisas de Moviglia. Por ser uma doença onde o próprio organismo agride o sistema nervoso, o tratamento tem como objetivo reeducar o sistema imunológico. Um tipo de linfócito, presente no sangue, é retirado do organismo. Ele tem efeito auto-imune. O próprio corpo faz a regeneração.

Voltar ao topo