Temas médicos

Vida – primeiro e maior de todos os bens

A vida é dom de Deus!

 

Inúmeros destacados pensadores expressaram seu conceito sobre a vida. Todas as definições propostas são imperfeitas.

No primeiro livro da Bíblia, o Gênesis, deparamo-nos com as seguintes considerações:

?Criação do Mundo: No princípio, Deus criou o Céu e a Terra e tudo quanto nela existe. O último ser que Ele criou foi o homem, dizendo: ?Façamos o homem à Nossa imagem e à Nossa semelhança…? (Gênesis Cap. I) . Deus criou o homem e a mulher: ?Senhor Deus formou o homem do pó da Terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida? Gen. 2,7). Portanto, a vida humana, diversamente da vida de todos os outros seres vivos, criados por Deus, limitada à expressão da Sua vontade, ao homem dedicou ação especial: qual oleiro formou-o do pó da Terra; vale dizer, mediante a reunião de todos os elementos que constituem o ser humano, com a sua enorme complexidade e perfeição funcional. Completou o Seu precioso artesanato, insuflando-lhe, pelas narinas (sistema respiratório), o sopro da vida, pois Ele é a Fonte da Vida, e, evidentemente, contemplou-o com uma alma.

Ms o que é a alma?

A alma, termo de origem latina ?anima?, é o princípio da vida, da sensibilidade e das atividades espirituais. Daí a tendência a admitir-se que a alma é, no mundo, a realidade mais alta e última, ou até o próprio principio ordenador e governador do mundo. É comum a expressão atribuída a quem  o bem ?fulano, ou fulana, é uma alma generosa!?.

O empenho de grande número de estudiosos, filósofos, para definir a alma, oferece-nos extensa variedade conceitual. Aristóteles (384-322 a C) por exemplo, formulou conceitos como: ?A alma está para o corpo como o ato da visão está para o órgão visivo?. Ou esta: ?O organismo, enquanto instrumento, tem a função de viver e de pensar; e o ato dessa função, é a Alma?. Os estóicos (discípulos de Zenão) consideravam que ?a alma é um sopro congênito em nós; pode ser imortal, como imortal é a Alma do mundo?. Para Tertuliano, a Alma é um sopro de Deus, gerada corpórea e imortal?.

Para Santo Agostinho, ?Deus está na alma e Se revela na mais oculta interioridade da própria alma?.

Os estudiosos em geral definem a vida como ?a propriedade que caracteriza os organismos, cuja existência evolui do nascimento até a morte?. Conjunto de atividades e funções orgânicas que constituem qualidade que distingue o corpo vivo do morto.

Eis a vida! Difícil de ser definida. No entanto, é o bem mais expressivo que caracteriza a nossa existência.

Recentemente, revolvendo algumas publicações, deparei-me com preciosos trabalho de pesquisa da Sociedade para a Defesa da Vida e Protetora dos Nascituros Imaculada Conceição, elaborado em 1993, com o apoio do dom Pedro Fedalto, atual arcebispo Emérito de Curitiba, sob o título Ame a vida por Mim.

Relata as angústias de uma jovem que, mal orientada e, face o moderno relacionamento com o namorado, ficou grávida. Induzida pelo namorado e apoiada pelos pais, foi a uma clínica especializada em aborto. O seu relato é uma sucessão de auto-recriminação e, ao mesmo tempo, de profunda lamentação por não ter encontrado ninguém que a advertisse sobre a gravidade da interrupção de uma vida humana em evolução no seu ventre.

Chocada com a sucessão de fatos e, sobremaneira, com a indiferença dos ?profissionais? executantes do execrável procedimento, confessa o seu profundo arrependimento. Revela o seu sofrimento e a verdadeira tortura mental que a perseguiu prolongadamente, por ter aquiecido ao ato criminoso de que foi instrumento. A esta criança, cuja vida foi negada, por meio do aborto, é atribuída a exclamação ?Ame a vida por Mim!?.

A vida, dom de Deus, dádiva que Ele confere a cada ser, em caráter absolutamente ímpar e irrevogável, é direito de cada um. A ninguém é facultado inviabilizar a concretização da vida, obra do Criador.

A geração da vida humana está vinculada ao amor. Amor que procede de Deus Criador. A união amorosa do casal, homem e mulher, instrumentos de Deus Criador, para gerar novas vidas. Cada ser humano é feito do amor vivenciado pelo casal, o qual é reflexo do Amor maior, que procede da Fonte do Amor, que é Deus.

E quando o ser gerado resulta de simples aventura, da satisfação de prazer momentâneo, produzindo fruto não planejado, inverso do que ocorre na relação amorosa, de mútua entrega do casal, como proceder?

Ainda que a concepção de um ser decorra de uma aventura, com a satisfação momentânea do prazer sexual, o fruto dessa relação deve ser respeitado e defendido em seu direito à vida.

Muitos são os casos de gravidez não desejada, cujo concepto, respeitado e protegido, desempenha importante ação de apoio, até mesmo de arrimo da mãe que o gerou, e também do pai.

Aceitar, pois, e promover a vida humana é penhor seguro de respeito à Obra do Criador.

Ary de Christan – Membro fundador da Academia Paranaense de Medicina

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