Seu filho tem medo de quê?

Medo de fantasmas, de bruxas, do escuro. São esses, entre outros medos e pavores, que surgem na imaginação das crianças e que fazem com que suas noites se tornem um pesadelo. A maioria delas pula, brinca, aprende um universo de coisas novas e faz um montão de estripulias, mas quando o assunto é medo a coisa fica séria. Dependendo do grau, o medo passa a ser uma preocupação para os pais, que ficam confusos e não sabem direito como lidar com a situação. O que poucos sabem é que os pequenos começam a ter a sensação de medo bastante cedo: a partir dos sete meses de idade. Nessa fase, os bebês dão os primeiros sinais por meio de sustos. Mas isso não é motivo para alvoroço, já que tais situações podem ocorrer por, simplesmente, estranharem pessoas ou o ambiente com os quais não estão acostumados.

No entanto, qual é o real sentido do medo? Por que ele faz parte da vida desde cedo? "Todos nós temos sentimentos de medo, inclusive, é uma das emoções de base do ser humano. Como sentimento, é inato, mas, como comportamento, é aprendido. E é aqui que entra o papel dos pais", afirma a psicóloga Juliana Morillo. Para ela, o "sentir medo" é bastante normal, mas a maneira de reagir diante desse sentimento é algo que se aprende.

O medo de atravessar a rua sozinho, de animais, de andar de bicicleta, de falar com estranhos, de altura, etc., são alguns dos sentimentos que os próprios pais despertam nos filhos na tentativa de promover segurança e que, de certa forma, ajudam. Embora encontrem no incentivo ao medo a melhor forma de proteção, o excesso de cuidados pode atrapalhar. De acordo com a especialista, muitas vezes os pais incutem seus medos nos pequenos sem perceber. "Antes, as crianças brincavam livres, hoje, há uma superproteção e alguns não permitem ao filho vivenciar importantes experiências, descobrindo coisas novas", ressalta a psicóloga.

Sentimentos normais

Não existe uma linha precisa que distingue uma reação de medo normal de uma que possa ser considerada patológica, mas se ela se tornar intensa, com reações exageradas, é preciso procurar ajuda. No entanto, muito do que as crianças sentem em relação ao medo são fantasias, afinal, elas possuem uma imaginação fértil, pois assistem à tevê, vêem desenhos animados, e isso tudo acaba se tornando real em suas cabecinhas. Nesses casos, é preciso que a mãe e o pai busquem entender os porquês de cada medo e trabalhá-los da melhor forma possível, sem potencializá-los.

Juliana Morillo cita como exemplo o medo do escuro. Para ela, é bom colocar um abajur no quarto para mostrar que a criança está protegida. Ela nunca deve ser levada para dormir no quarto dos pais e, sim, ficar em seu próprio cantinho. "O principal objetivo é ajudá-la a encarar seus medos e  dar a ela a oportunidade de perceber que tudo não passa de uma fantasia", incentiva.

A insegurança também pode ser um fator que desencadeia o medo. Se a mãe, por exemplo, demonstra excesso de cuidado quando seu bebê está sendo carregado por alguém, porque acha que vai derrubar ou, até mesmo, passar alguma doença, o filho pode ter a sensação de que está desprotegido. Assim, é preciso desenvolver habilidades e ter muito jogo de cintura para agir de maneira que o pequeno se desenvolva bem, sem medos desnecessários.

Conversar com a criança sobre o assunto, levá-la a revelar – no meio de uma historinha, por exemplo – o que a deixa assustada, isto sim, pode ajudar bastante. O simples fato de poder compartilhar com alguém querido qualquer experiência vivida traz alívio aos pequeninos. Deixe a criança falar, dividir o peso de suas angústias. Afinal, até os bebês, algumas vezes, se sentem amedrontados, tensos ou angustiados.

Uma boa forma de ajudar os filhos a vencerem o medo é permitir que eles próprios encontrem métodos práticos para conviver com a experiência. "Sem falar que conversar com eles é uma das saídas mais simples para aliviar esse sentimento negativo", finaliza a psicóloga, ratificando que, afinal, os medos existem e são sentimentos normais.

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