Ruídos dentro de ônibus podem prejudicar a saúde

O nível de ruído nos ônibus de Curitiba é elevado e pode ser prejudicial à saúde. O alerta é da fonoaudióloga Ângela Ribas, professora da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e mestre em Distúrbios da Comunicação. Ela mediu o ruído no interior de quatro ônibus – ligeirinho, alimentador, expresso e interbairros – e concluiu que em todos eles o nível estava acima do estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Segundo Ângela, o barulho, principalmente do motor, atingiu entre 71 e 86 decibéis, quando a OMS limita em 70 decibéis o nível de ruído suportável ao ouvido humano. “O barulho não é apenas do motor, mas também das pessoas conversando”, explica Ângela. A Urbs – empresa que gerencia o transporte coletivo em Curitiba e região -alega que o barulho está dentro do limite estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e do Ministério do Trabalho.

Além de medir o nível de ruídos nos coletivos, a fonoaudióloga ouviu cerca de oitocentos usuários do transporte coletivo da capital. Concluiu que o ruído no interior dos ônibus é uma das principais reclamações, porém atrás de lotação, preço da passagem, horários das linhas e falta de ventilação. “A metade dos entrevistados disse não se incomodar com o barulho, mas muitos admitiram que preferem sentar na parte dos fundos, porque o ruído do motor é menor”, conta. A média de idade dos entrevistados é de 27 anos. A maioria fica cerca de uma hora e cinqüenta minutos por dia nos coletivos.

De acordo com a fonoaudióloga, os usuários não correm o risco de perder a audição – isso só aconteceria se a exposição fosse superior a oito horas -, mas podem ter vários problemas de saúde, como estresse, nervosismo, cansaço, dor de cabeça e irritabilidade.

Urbs

O gerente de Vistoria da Urbs, Elcio Luiz Karas, informou que todos os veículos do transporte coletivo são homologados pelo Conama, que estabelece em 92 decibéis o limite para os motores dianteiros e 98 para os motores traseiros e centrais. Com relação a parte interna dos ônibus, Karas lembrou que existe uma norma regulamentar do Ministério do Trabalho – a de número 15 -, que define limites a que usuários, motoristas e cobradores podem estar expostos. “No caso de Curitiba, onde os motoristas e cobradores trabalham seis horas por dia, o limite é 87 decibéis”, explica. Segundo ele, se o nível fosse desrespeitado, implicaria em processos trabalhistas.

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