Queimaduras: À flor da pele

Atendente em uma panificadora, Luciana passou alguns dias na praia e voltou com queimaduras em todo o braço, provocadas por uma combinação explosiva: limão e sol. Diferentemente dos outros anos, esse tipo de queimadura, juntamente, com as provocadas pelos raios do sol, aumentaram consideravelmente, apesar das constantes informações a esse respeito recebidas pela população. E olhe que o verão ainda nem acabou. A preocupação é tanta que o cirurgião plástico José Luiz Takaki, responsável pelo setor de queimados do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, só recomenda o uso de protetor solar com FPS 30 para seus pacientes.

O especialista observa que, marcado por atividades ao ar livre, o verão é a estação em que mais casos desse tipo acontecem. Com a intensa exposição solar aumenta o risco das queimaduras provocadas pelo sol. A situação é agravada pelos raios ultravioleta B, que apresentam maior intensidade nesse período, por isso, todos os cuidados devem ser tomados para evitar a sua ação danosa.

Danos irreversíveis

No entanto, Takaki adverte que não devemos nos preocupar somente com as queimaduras solares, pois grande parte das vítimas se queima em acidentes domésticos, muitos deles previsíveis. As principais causas dizem respeito à falta de cuidado com a manipulação de líquidos ferventes como água, café ou molhos; agentes químicos como soda cáustica, cal, ácidos e creolina; acidentes elétricos; e por fogo, tanto em chama quanto em brasa. Todas essas queimaduras necessitam de um atendimento imediato sob pena de causar sérios danos à pele.

As queimaduras são classificadas de acordo com a extensão e profundidade da lesão. A gravidade depende mais da extensão do que da profundidade. Uma queimadura de primeiro ou segundo grau em todo o corpo é mais grave do que uma queimadura de terceiro grau de pequena extensão. Saber diferenciar a queimadura é muito importante para que os primeiros cuidados sejam efetuados corretamente.

Os primeiros cuidados são importantes para não prejudicar o local queimado. José Takaki explica que, para as queimaduras solares menos graves, depois de três dias o curativo deve ser trocado, pois a pele já deve apresentar sinais de cicatrização. Para os casos mais graves, o atendimento especializado deve ser procurado imediatamente, para se evitar procedimentos que prejudiquem ainda mais o local afetado. Para as queimaduras como a de Luciana, o médico explica que é necessária a troca do curativo 3 vezes por semana, pois a cicatrização demora até 15 dias.

IMPORTANTE

· Nunca aplique nenhum produto caseiro, como: sal, açúcar, pó de café, pasta de dente, manteiga ou qualquer outro ingrediente, pois eles podem complicar a queimadura e dificultar um diagnóstico mais preciso.

· Não aplique gelo sobre o local queimado.

· Evite usar pomadas ou remédios naturais, assim como qualquer medicação que não for prescrita por médicos.

· Não toque a área afetada.

· Não tente retirar pedaços de roupa grudados na pele.

· Não cubra a queimadura com algodão.

· Procure atendimento especializado imediatamente.

Queimou-se? Veja qual o procedimento correto

Os cuidados iniciais dependerão da gravidade do caso. Em lesões de pequeno porte lavar o local com água fria e corrente imediatamente, e, se possível, deixar alguns minutos na água para diminuir a temperatura local. Deve-se a seguir avaliar a lesão e tentar classificar a queimadura. Se houver queimaduras com produtos químicos, plásticos ou algo que esteja aderido à pele e não saia com facilidade, não tente remover, apenas lave abundantemente com água fria e cubra com pano limpo molhado, encaminhando o doente ao pronto socorro mais próximo.

De 1.º grau: são queimaduras leves em que ocorre uma vermelhidão no local seguida de inchaço e dor variável. Não se formam bolhas e a pele não se desprende. Na evolução não surgem cicatrizes, porém podem deixar a pele mais escura no início, voltando à normalidade com o passar do tempo.

De 2.º grau: nessas queimaduras ocorre uma destruição maior da epiderme e derme. As dores são mais intensas e normalmente aparecem bolhas no local ou desprendimento total ou parcial da pele afetada. A recuperação dos tecidos é mais lenta e podem ficar cicatrizes e manchas claras ou escuras.

De 3.º grau: nesse caso há uma destruição total de todas as camadas da pele, podendo o local ficar esbranquiçado ou carbonizado (escuro). A queimadura é tão profunda que pode danificar as terminações nervosas da pele. Muitas vezes é fatal, dependendo da porcentagem de área corporal afetada. Na evolução, sempre deixam cicatrizes e podem necessitar de tratamento cirúrgico. O acompanhamento médico freqüente é fundamental.

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